Moradores da Boavista queixam-se de espaço público estar a "servir de acampamento"
Moradores da zona da Boavista, no Porto, manifestaram, esta quinta-feira, indignação por a envolvente do prédio onde vivem continuar a "servir de acampamento e abrigo" a uma comunidade, apelando por ajuda para resolver a situação.
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Quatro meses depois de vários moradores se terem queixado do uso indevido e abusivo do antigo edifício militar na Avenida de França, as queixas voltaram hoje à Assembleia Municipal do Porto.
A poucos metros do edifício militar, entretanto vedado pelo município, na Rua General Norton de Matos, o passeio em frente a um dos prédios está "a servir de acampamento", afirmou Anabela Neves, administradora do condomínio que integra 60 famílias. "Todos se sentem indignados", afirmou.
Segundo Anabela Neves, a comunidade "deixa um rasto de lixo, urina" e transforma o espaço. "Montam tendas, continuam a cozinhar e a lavar-se", detalhou, acrescentando que a Polícia Municipal já se deslocou ao local por diversas vezes, mas que os membros da comunidade "desviam-se 30 metros".
"Gostaríamos de manifestar a nossa indignação com a situação que se arrasta desde 2016. Não basta arrastar o problema de uns prédios para outros", observou, apelando a que sejam encontrados espaços na cidade para acolher estas pessoas. "Tentem fazer algo, tanto pelos nossos moradores, como por aquelas pessoas", acrescentou.
Em julho, a Câmara do Porto mandou vedar, na sequência de queixas de vários moradores durante o Conselho Municipal de Segurança, o antigo edifício militar na Avenida de França, que é propriedade do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU).
Na altura, os moradores afirmaram ter sido alvo de "várias ameaças" por parte da respetiva comunidade e relataram a presença diária de lixo, fezes, urina nos jardins dos seus prédios e no espaço público.
Em resposta aos moradores, o comandante da Polícia Municipal do Porto, António Leitão, assegurou ter conhecimento da situação e que os problemas relatados com a respetiva comunidade remontam a 2017, ano em que ocupavam os terrenos da antiga estação da Boavista, tutelados pela Infraestruturas de Portugal.
Localizado num terreno com 1155 metros quadrados, o antigo edifício da Direção de Recrutamento Militar foi um dos oito imóveis que, em dezembro de 2021, passou da Defesa Nacional para o IHRU, através da constituição de direito de superfície por um período de 75 anos.