Ao verem desalojados os gatos que há vários anos vivem na Praceta Simões de Almeida, em Custóias, os moradores revoltaram-se e pediram explicações à Câmara de Matosinhos, que na semana passada retirou do local os abrigos colocados pela população.
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“Vieram tirar coisas que compramos para ter aqui; levaram os recipientes e tudo”, lamenta Fernando Oliveira, enquanto olha para as caixas entretanto improvisadas pelos habitantes para providenciar abrigo à meia dúzia de felinos que ali são alimentados e que formam uma colónia controlada e vigiada pela autarquia, em colaboração com a associação Animais de Rua.
“Tínhamos aqui, há anos, umas casotas para gatos, bem conservadas, e fiquei revoltado quando cheguei aqui, na quinta-feira de manhã [dia 10], e vi que tinham tirado tudo. É lamentável, e não consigo compreender qual foi a razão para tirarem os abrigos. Levaram tudo e, agora, os bichos andam aqui perdidos”, indigna-se Nelson Lima, contando que as “cinco casotas” retiradas “eram os abrigos” dos gatos da colónia. Fernando Oliveira conta que os animais “desapareceram durante uns dias, depois de lhes tirarem as coisas, porque ficaram desorientados”, e Sara Caetano, que vive no local e costuma “pôr comida seca e água” aos bichanos, enviou “uma reclamação para a Câmara e para a Animais de Rua”.
Questionada pelo JN, a autarquia diz, contudo, ter “recebido queixas de moradores, a reclamar da insalubridade provocada pela alimentação desregrada que algumas pessoas praticavam e que atraía pragas e roedores”. Indica ter sido também “contactada pelo [supermercado] Mercadona, que queria aceder com camiões e máquinas à obra, mas os abrigos colocados estariam a impedir o acesso”. No entanto, e de acordo com o que os moradores apontaram ao JN no local, as casotas estavam colocadas ao lado de uma árvore, num jardim da praça, e junto a um muro, ao lado de ecopontos.
A Câmara refere ainda que “a associação e os cuidadores autorizados concordam que não se deve permitir a colocação dos abrigos, até porque os animais não os usam para se abrigar, mas apenas como ponto de alimentação”, e adianta estar a tentar “encontrar a melhor solução de dispensadores de comida”. Nelson Lima garante, porém, que “via sempre os gatos protegidos nas casotas. Eram o refúgio deles”.