A associação de moradores de Vale de Chícharos, no Seixal, mais conhecido como bairro da Jamaica, pediram esta quinta-feira no Parlamento a rápida concretização do processo de realojamento, alertando para o agravamento das condições de vida devido à pandemia.
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O apelo foi feito esta tarde durante uma audiência, realizada por videoconferência, na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.
Vanusa Coxi, da Associação de Desenvolvimento dos Moradores de Vale de Chícharos (ADSVC) lamentou o atraso no processo de realojamento das 74 famílias que ainda residem no bairro da Jamaica e relatou as dificuldades sentidas nos últimos meses, devido à pandemia da covid-19 e ao "inverno rigoroso".
"As condições degradáveis das casas mantêm-se, a chuva, a água, a humidade. Agora, com a pandemia está pior porque as crianças têm de ter aulas em casa e a internet está sempre a ir abaixo. As pessoas começam a entrar em desespero", contou.
A moradora ressalvou que a Câmara Municipal do Seixal, distrito de Setúbal, "tem feito tudo" para adquirir habitações e poder concluir o processo de realojamento, mas que está a encontrar "muitos entraves burocráticos e financeiros".
"Existe uma extrema burocracia. Sempre que a Câmara encontra uma habitação acaba por perdê-la porque tem de enviar um relatório ao Tribunal de Contas e perde muito tempo. Essa burocracia tem atrasado o nosso realojamento, a nossa vida e mantém-nos presos a estas condições", apontou.
No mesmo sentido, Fernando Coxi, outro morador e membro da ADSVC, apelou a uma intervenção do Governo e defendeu que a solução não passe pela construção de um novo bairro social.
"Nós não queremos um bairro social de novo. Por isso, nós pedimos à Câmara que fosse realojamento cada um no seu destino. Construir um novo bairro social é construir uma nova Jamaica", argumentou.
Todos os deputados presentes na audição foram unânimes ao reconhecer a "urgência" de concluir o processo de realojamento.
Atualmente residem 74 famílias, num total de 1200 pessoas, em condições precárias nos edifícios inacabados de Vale de Chícharos (lotes 13, 14 e 15), as quais aguardam pela segunda fase de realojamentos, que deveria ter acontecido até dezembro de 2019.
Em 17 de fevereiro de 2020, a Câmara Municipal do Seixal informou que o processo se encontrava atrasado devido à especulação imobiliária, apelando ao Governo para reduzir o "grande diferencial" de comparticipação nos realojamentos.
A primeira fase terminou em 20 de dezembro de 2018, quando 187 pessoas foram distribuídas por 64 habitações em várias zonas do concelho.