Vários residentes da Rua Actor Epifânio, no Lumiar, em Lisboa, exigem que a Câmara de Lisboa volte atrás nas obras de melhoria do espaço público naquela zona.
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Os moradores queixam-se da diminuição do número de lugares de estacionamento, de 59 para 30, segundo as suas contas, e da redução da largura da rua, onde passa "a circular apenas um carro de cada vez".
A Câmara de Lisboa diz que serão reduzidos "apenas 10 lugares, de 55 para 45". "Há um ganho em termos pedonais substancial e a redução da pressão dos carros. A ideia é criar mais espaços verdes e de usufruto do espaço público", explica fonte do gabinete do vereador da Mobilidade, Miguel Gaspar.
Os habitantes enviaram, na segunda-feira, uma petição à Assembleia Municipal de Lisboa, com 176 assinaturas, onde pedem "a correção dos erros graves desta obra e a recuperação dos lugares". "Nenhum dos prédios tem garagem. Queremos que voltem a pôr tudo como estava. Estão a infernizar-nos a vida", reclama Emanuel Sousa, representante dos moradores.
O estreitamento e a alteração do traçado da rua, que criou "uma curva demasiado apertada", são outras das queixas. "Não dá para circular sem conflitos no trânsito. Não criaram pontos de fuga, se houver um incêndio e uma pessoa estiver a sair de carro da praceta, os bombeiros não conseguem entrar", exemplifica.
"A Rua Ator Epifânio tem uma curva que tinha uma forma circular e, com a alteração do traçado, passa a ser em cotovelo, demasiado apertada. Além de dificultar o acesso à praceta de veículos de maiores dimensões, a visibilidade piorou imenso, antigamente os carros cruzavam-se e viam-se, agora não", explica ainda.
A diminuição dos lugares é uma das principais reclamações, mas "o mais grave é mesmo a plantação de árvores prevista em cima dos coletores". "Em 2009, as árvores foram retiradas da praceta porque as raízes entranharam-se e arrebentaram com as manilhas de esgoto e as caves dos prédios ficaram inundadas", recorda.
Segundo o morador, que ali vive há 26 anos, "ninguém se lembrou disso agora". "Revelam desconhecimento do que se passou ali em 2009. Daqui a uns anos a Câmara vai estar outra vez a esventrar a praceta para colocar manilhas novas. Estão a insistir num erro e vão pagar a fatura com mais obras", critica.
Obras também tiram luz
Os moradores lamentam ainda a perda de luz natural. "Quando abrirmos a janela vamos ter de levar com um tronco de árvore", diz Emanuel Sousa, que acredita que a Câmara de Lisboa ainda "vai a tempo de emendar pois as obras ainda não terminaram".
A informação sobre a empreitada só foi colocada no estaleiro de obras em dezembro, dois meses depois de arrancar, não tendo havido consulta pública do projeto, outra das queixas dos moradores. A construção de uma ponte pedonal e ciclável entre a Calçada de Carriche e o Parque Urbano do Vale da Ameixoeira, a requalificação de um caminho para peões e ciclistas entre esta ponte e a praceta Ator Epifânio e o ordenamento do estacionamento que estas obras implicam custarão 485,593 mil euros à autarquia.
O município diz ao JN que vai criar "mais alguns lugares" para a Estrada do Desvio e um novo parque de estacionamento da EMEL, com 36 lugares, na Rua do Lumiar, atualmente em obras. "Admito que os lugares possam estar longe da praceta, mas está-se a fazer um esforço para se criar estas soluções. A pressão do carro é muito menor em zonas tarifadas", diz fonte do gabinete de Miguel Gaspar. A Câmara de Lisboa não respondeu, porém, se a plantação das novas árvores foi devidamente planeada e acautelada para que não se repitam os mesmos problemas de 2009 relatados pelos residentes.