<p>Depois do mau tempo que arrasou quase todas as casas da ilha da Fuzeta, em Olhão, faz-se agora a contagem decrescente para as demolições. As habitações contruídas em Domínio Público Hídrico têm de ser desocupadas até 23 de Abril. </p>
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O anúncio foi publicado ontem em edital onde se lê que os interessados ficam "notificados para desocuparem as construções, deixando-as livres de pessoas e bens impreterivelmente até ao dia 23 de Abril de 2010". Três dias depois, as casas passam para as mãos da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Algarve. Após a posse administrativa, as demolições vão poder finalmente arrancar, sem quaisquer encargos para os proprietários.
"Tais edificações afectam a qualidade ambiental e paisagística da zona e encontram-se em risco de galgamento e destruição pelas águas do mar, com a consequente dispersão dos respectivos resíduos e inerente perigo para a segurança de pessoas e bens, o que impõe a sua urgente remoção", pode ainda ler-se no edital assinado pela presidente da ARH, Valentina Calixto.
Quanto às casas que têm se ser desocupadas e demolidas "mantém-se em terrenos do Domínio Público Marítimo sem que os proprietários disponham de qualquer título emitido por entidade competente da jurisdição na área".
"Gina das Ostras", uma conhecida mariscadora, proprietária de viveiros, não quer ouvir falar das demolições. A casa que tem na Fuzeta é de segunda habitação e serve para guardar as artes. Mesmo assim, acredita que não deve ir abaixo. "Não é casa de férias. É de suporte à minha actividade profissional, que está ligada à ria Formosa e deve ser preservada", defende. A casa, que está registada e resistiu ao mau tempo, foi herdada do pai, também ele mariscador. Mesmo assim, Gina garante já ter sido contactada pela Sociedade Polis Ria Formosa (PRP), entidade que irá proceder às demolições. "Disseram-me que me iriam telefonar mais tarde a dizer se era ou não preciso retirar de lá os meus pertences, o que ainda não aconteceu", contou, confessando ter tido conhecido da publicação do edital, ontem, na imprensa regional e através do JN.
Mau tempo leva 44 casas
O mau tempo aliado às marés-vivas do último Inverno destruíram 44 das 71 casas existentes na ilha da Fuzeta, a maior parte (17) em Fevereiro. Nesse mesmo mês, a secretária de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, Fernanda do Carmo, afirmou que as demolições das edificações ali existentes iam ser antecipadas para antes da época balnear.
A partir da próxima segunda-feira e durante 60 dias, uma equipa do PRP inicia o levantamento das casas existentes na área desafectada do Domínio Público Hídrico.
Do total das construções identificadas, mais de metade (2366) estão situadas nas ilha da Culatra, Hangares e Farol (Faro), com 979 casas.
Na Armona (Olhão) estão 809 casas e 248 na praia de Faro.