Numa carta enviada ao presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, o autarca Rui Moreira refere vários atrasos na construção da Linha Rosa, entre a Casa da Música e S. Bento, e do traçado de metrobus. Fala em impactos de "proporções intoleráveis" na vida das pessoas e na economia da cidade.
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O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, voltou a alertar a Metro do Porto para os atrasos nas obras de construção da Linha Rosa, entre a Casa da Música e S. Bento, e o traçado de metrobus entre a Avenida da Boavista e a Praça do Império. Para o autarca, "nada segue de acordo com o plano previsto" pela empresa. Só a solução encontrada para evitar o fecho do túnel do Campo Alegre, no âmbito das obras da Linha Rubi, conduziu à autorização de novas frentes de obra. Mas esse cenário poderá alterar-se caso os atrasos persistam ou se agravem. O JN tentou ouvir a Metro do Porto, mas sem sucesso.
Numa carta enviada ao presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga, a 4 de janeiro, Moreira diz ter pedido, mais uma vez, aos serviços da Câmara, "a elaboração de um documento sobre os atrasos verificados em cada frente de obra". A maior demora, refere, é de 621 dias e verifica-se na "construção da nova galeria do rio de Vila sob a Rua das Flores, e a sua ligação à galeria existente na Rua de Mouzinho da Silveira, no Largo de S. Domingos".
Para o autarca, que continua à espera de resposta da Metro, o agravamento das "condições de mobilidade e os constrangimentos ao normal funcionamento da cidade" provocados por estes atrasos traduzem-se num "impacto na vida das pessoas e na economia da cidade", que atinge "proporções intoleráveis".
Moreira acrescenta ainda que "as melhorias constantemente solicitadas pelo Município do Porto em relação à sinalização da obra [do metrobus] e à informação aos cidadãos permanecem também por resolver".
Túnel do Campo Alegre não encerra
Por outro lado, o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto esteve presente, esta segunda-feira, na reunião de Executivo, onde garantiu o não encerramento ao trânsito do túnel do Campo Alegre. Aos jornalistas, no final da reunião, o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, disse mesmo que esta é uma forma de a Metro "dar resposta à população do Porto, que se tem mostrado extremamente preocupada". O vice-presidente não fez, contudo, qualquer referência aos atrasos identificados na carta enviada por Moreira.
O condicionamento à circulação no Campo Alegre seria provocado pelos trabalhos de construção de um dos acessos à estação de metro da Linha Rubi. A empresa irá abdicar, precisamente, dessa entrada para que tal não aconteça.
Obra decorre dentro do prazo, diz Metro
Recorde-se que a cerimónia de consignação da obra do segundo traçado de metro entre o Porto e Gaia decorreu na semana passada e o próprio autarca do Porto esteve presente, notando que o traçado "representa seguramente um extraordinário investimento público". A linha representa um investimento de 435 milhões de euros, financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência.
Na missiva enviada a Tiago Braga, Moreira diz mesmo "não questionar a importância da construção de novas linhas de metro ou a implementação de novos sistemas de mobilidade", mas considera ser "inevitável que se perca toda e qualquer confiança nos cronogramas apresentados" perante os atrasos referidos.
Certo é que, confrontado pelo JN na semana passada sobre eventuais atrasos já anteriormente referidos por Rui Moreira, o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto garantiu que a obra da Linha Rosa decorre dentro do prazo estipulado: "A consignação fez-se no dia 16 de março de 2021. São 36 meses de obra. Esse prazo termina no dia 16 de março de 2024".