O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, recusou esta segunda-feira qualquer interrupção do serviço do carro elétrico na Rua do Ouro, por causa das obras da futura Linha Rubi. "Não vamos aceitar", reforçou o autarca, "qualquer que seja a consequência".
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Em resposta à vereadora do PSD, Mariana Macedo, que questionou o autarca sobre o atraso na obra da Linha Rosa do metro, entre a Casa da Música e S. Bento, o presidente da Câmara, Rui Moreira, adiantou que há uma semana foi "subitamente informado que a Metro do Porto não se conforma com a pretensão da Câmara da não interrupção da linha do elétrico junto ao pilar [da nova ponte] que vai ser construído, e portanto quer interromper" o serviço. Isto, a propósito do arranque das obras da nova ponte D. Antónia Ferreira da Linha Rubi, que promete ligar a Casa da Música, no Porto, a Santo Ovídio, em Gaia.
"Não vamos aceitar. Dizem que é assim que está no projeto, e que no projeto pára o elétrico. Não vamos aceitar por uma razão fácil: tive o cuidado de mandar ao presidente da Metro do Porto fotografias durante a construção da Ponte da Arrábida. Sabem uma coisa? Quando a Ponte da Arrábida foi construída, o projeto foi feito de tal maneira que não foi interrompido o serviço do elétrico", constata o autarca portuense, sugerindo que a Metro "altere o projeto" para evitar a suspensão daquele serviço.
"Se os senhores fizeram o projeto presumindo que o serviço do elétrico pode ser interrompido, fizeram-no mal. Alterem o projeto. Nós não vamos permitir", assevera, dizendo mesmo não acreditar que a Linha Rubi esteja pronta, como é exigido, até 31 de dezembro de 2026.
"Fizeram o projeto ignorando, mais uma vez, que estão a trabalhar numa cidade. Numa cidade que tem infraestruturas, moradores e pessoas que utilizam os transportes. Não vamos aceitar, qualquer que seja a consequência", insiste. "Apesar de tudo, a frente de obra tem de ser licenciada pela Câmara. Não se podem causar interrupções de vias sem autorização e nós, com certeza que não vamos dar", reforça.
O presidente da Câmara do Porto aproveita a oportunidade e dá o exemplo do que acontece na Praça de Parada Leitão a propósito das obras da Linha Rosa, onde diz existir um "enorme problema do elétrico".
Em causa, refere, está "um poço de acesso ao metro exatamente no sítio onde passa o elétrico". "Podiam ter posto dez metros ao lado que não tinha problema. Ainda por cima é a obra que está mais atrasada, a da Linha Rosa", nota Moreira. O autarca ironiza até dizendo haver probabilidade de essa empreitada ficar concluída no "dia de são nunca à tarde", uma vez que, afirma, a cada mês que passa, os prazos são constantemente alargados.
"A Rua de Mouzinho da Silveira, onde não passa o metro, está com mais de dois anos de atraso", afirma. "Não temos previsão objetiva do fim das obras".
O JN pediu mais esclarecimentos à Metro, aguardando uma reação. Está também prevista para esta segunda-feira uma reunião entre a Metro do Porto e a comissão de acompanhamento da empreitada constituída pela Assembleia Municipal do Porto.
"Vão chegar os veículos e o hidrogénio e não vai haver via"
Referindo-se a incómodos tanto para os cidadãos como para os comerciantes, o presidente da Câmara do Porto acrescenta ainda que, no caso da obra do metrobus, entre a Avenida da Boavista e a Praça do Império, "sabia que por causa dos problemas concursais relativamente aos veículos, muito provavelmente iria ter de se encontrar uma solução de aluguer de veículos".
"Nada está a ser tratado. Porquê? Está tudo com tal atraso que eu acho que ainda vão chegar os veículos e o hidrogénio e não vai haver via", critica.
"Já pedimos à Metro do Porto para preparar uma apresentação para a população, para saber o detalhe [do projeto do metrobus]. As pessoas continuam, por exemplo, a não perceber, que aquelas caixas abertas nos passeios que foram alargados, são para colocação de árvores. Porque ninguém lhes diz. Não há informação", nota.