Morreu, este domingo, Maria Rodrigues Branco, aos 105 anos, antiga parteira de Arcos de Valdevez, conhecida por "Tia Maria Casanova".
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O óbito foi anunciado este domingo pela junta de Cabana Maior, freguesia onde nasceu e residia a centenária, no lugar de Bostelinhos.
"Lamentamos a morte desta senhora, que era verdadeiramente uma doçura. Dona Maria "Casanova" faleceu este domingo 27 de dezembro, aos 105 anos de idade. Os membros da Assembleia e do Executivo da Junta de Freguesia de Cabana Maior, apresentam os mais sinceros pêsames e sentidas condolências, a todos os familiares e amigos", pode ler -se na página de Facebook da Junta.
Tia Maria Casanova, de 105 anos, não tinha filhos mas ajudou a nascer praticamente todos os habitantes de Bostelinhos.
Maria Rodrigues Branco nasceu a 25 de fevereiro de 1915, no Lugar de Bostelinhos, em Cabana Maior, Arcos de Valdevez. Na aldeia conheciam-na por "Tia Maria Casanova", em alusão ao nome do sítio onde vivia. Parteira e criada de servir, praticamente todos habitantes de Bostelinhos lhe passaram pelas mãos à nascença.
Comemorou os 105 anos, rodeada de muitos daqueles que viu nascer, familiares, amigos e até autarcas. E na altura, Jéssica Neves de 29 anos, que foi criada pela centenária e contou, ao Jornal de Notícias que esta era uma bem-disposta. "A tia Maria tem dias. Às vezes já não conhece as pessoas, mas ri-se muito. Mobilidade já não tem. Só deixou de andar pouco tempo antes de fazer os 104 anos. Deixou de ter força nas pernas", contou Jéssica, referindo que a centenária "não teve doenças crónicas, nunca tomou medicação".
Nascida numa família com seis filhos, quatro raparigas e dois rapazes, Maria Branco não procriou apesar de ter casado. Dedicou a vida a trazer ao Mundo e a criar filhos de outros.
"Foi empregada da minha bisavó desde os 15 anos. Os filhos dela eram como se fossem seus e todos os habitantes da aldeia e os filhos deles nasceram pela mão dela", afirmou Jéssica para quem a idosa, a mais velha do concelho de Arcos de Valdevez, assume grande importância.
"Vim dos EUA com sete meses e fui criada pelos meus avós maternos. Como a Tia Maria era a empregada da casa, era ela que me dava de comer e que me levava à escola. Ia e ficava lá toda a manhã a fazer croché, à espera que a escola acabasse para me levar de volta para casa", recordou, comentando: "Ela é muito importante na minha vida, foi mãe, avó, amiga, tudo".
A família da jovem era quem tomava conta de "Tia Maria Casanova" e a Junta de Freguesia de Cabana Maior, liderada pelo autarca Joaquim Campos, envolveu-se também na organização da festa. Já o tinha feito com uma homenagem quando a idosa cumpriu cem anos.