Um rapaz de 23 anos, imigrante brasileiro, morreu esta sexta-feira, em casa, no concelho da Maia, devido a intoxicação por monóxido de carbono. O jovem fechou-se num quarto a jogar Playstation com um fogareiro em brasas.
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Segundo familiares e amigos, Wesley Freitas decidiu, anteontem, ao final da tarde, ir jogar Playstation para o quarto de um amigo que vive com ele na mesma casa. Trancou-se lá sozinho e levou consigo um fogareiro em brasa para aquecer-se. Duas horas mais tarde, a cunhada encontrou--o sem vida.
"Eu estava na cozinha e percebi, porque houve alguém que abriu a porta do quarto onde ele estava mas desistiu de entrar, que a cabeça do Wesley estava de um jeito estranho, caída. Então disse ao meu marido, que é irmão do Wesley, que fosse lá ver. Fomos lá os dois e ele já estava morto. Tentei ver se o coração batia, chamamos o INEM que tentou a reanimação, tudo, mas ele morreu", contou a cunhada Luziene.
Ao lado, o irmão de Wesley, Vanderley Freitas, limitou-se a dizer que só pretendem ajuda para levar o corpo para o Brasil, garantindo que estão todos legais e que só precisam de saber quais as medidas a tomar a partir de agora. "Os meus pais e o meu irmão, no Brasil, já sabem. Não tem jeito, todos querem que o corpo do meu irmão vá", conseguiu dizer, apesar de engasgado em lágrimas.
"Ele aproveitou as brasas do fogareiro onde tínhamos estado a cozinhar para se aquecer. No quarto dele, tinha aquecimento, mas no quarto do amigo não. Como a Playstation estava no quarto do amigo, ele levou o fogareiro. Morreu", disse, incrédula, uma outra amiga e vizinha.
A notícia da morte deste rapaz deixou perplexos muitos vizinhos e colegas de trabalho. "Ele era uma jóia de pessoa. E muito inteligente. Como é que um rapaz tão inteligente não se lembrou de que poderia morrer intoxicado com aquela porcaria?", lamentou a vizinha de baixo, proprietária de uma loja de bijutaria.
Um outro vizinho, Manuel Oliveira, garantiu que em três anos "nunca aquele rapaz(Wesley) arranjou problemas. Partilhava a casa com o irmão, a cunhada e um ou dois amigos, trabalhava e não se metia em sarilhos".
A perplexidade chegou aos colegas de trabalho, na churrascaria Vila Moreira 107. "Era boa pessoa, sim senhor. Era trabalhador e era bom colega", disse Jorge Lopes, combalido com uma "morte tão estúpida".
Wesley Freitas estava em Portugal há quase três anos. Durante todo esse tempo trabalhou no mesmo sítio e partilhou a casa com familiares e amigos. Na vizinhança, todos lhe reconhecem simpatia. O corpo de Wesley está no Instituto de Medicina Legal.