<p>Um homemde 61 anos morreu, ontem, esmagado por um cilindro de nivelar pavimento nas obras de alargamento do IP4, junto ao nó de Padronelo, Amarante. Joaquim Coelho trabalhava há dois meses na empreitada, enquanto esperava emigrar para a Escócia.</p>
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"Vais ver que é tudo mentira, não é o teu pai" - foi com este desejo que, ontem, cerca das 16 horas, Maria da Glória, pediu à filha Maria Goreti para ir ao IP4 confirmar a informação que o encarregado da empresa RésEstradas lhe acabara de transmitir por telefone: a morte do marido, Joaquim Coelho da Silva. Uma vez no local, a jovem (que tem 11 irmãos), "foi com agressividade recebida, confundida com uma jornalista que ali estivesse à procura de informação do sucedido", conta Maria Goreti.
Ninguém terá visto o acidente que aconteceu pouco depois das 13.30 horas. A jovem disse, no entanto, ao JN, que o pai terá começado o turno da tarde mais cedo do que os colegas. Terá dito que ia arrumar um monte de terra que estava a estorvar. "Um colega que estava mais acima ouviu um barulho e quando desceu até ao local já nada havia a fazer", salientou.
Joaquim da Silva, 61 anos, manobrador de máquinas, natural de Croca, Penafiel, e residente Vila Boa de Quires, Marco de Canaveses, estava a conduzir uma máquinas de construção civil com um cilindro para nivelar o pavimento, quando a terra que pisava terá cedido. A máquina deslizou por uns 20 metros e acabou por esmagar o trabalhador.
Quando os Bombeiros Voluntários de Amarante chegaram ao local, a poucos metros do nó de Padronelos, a vítima já se encontrava sem vida.
Causas desconhecidas
Segundo Jorge Rocha, comandante da corporação, os seus homens limitaram-se a participar nos trabalhos de remoção da máquina, para libertar o corpo. O helicóptero do INEM, accionado pelo CODU, andou a sobrevoar o local, mas não chegou a aterrar porque a vítima já não tinha sinais de vida.
As causas do acidente são desconhecidas, mas já é o segundo do mesmo género que ocorre nas obras de alargamento do IP4, dando-lhe perfil de auto-estrada, entre Vila Real e Amarante, iniciadas no ano passado.
Joaquim Coelho é um dos muitos operários da construção civil da região que tem procurado no estrangeiro solução para o desemprego e contra os baixos salários que são pagos. Há cerca de dois meses, na última emigração que fez, esteve na Escócia para onde pretendia ir trabalhar novamente. Enquanto esperava um novo contrato, um amigo arranjou-lhe trabalho num subempreiteiro de Milhundos, Penafiel, nas obras do IP4. Morreu ontem nessas obras.
Há menos de um mês, cinco outros operários, também do Marco de Canaveses, morreram, na A4, a caminho do trabalho. Um desses operários era de Maureles e amigo de Joaquim Silva. "Má sorte, esta", conclui Maria Goreti. O funeral, devido ao fim-de-semana, só deverá ocorrer na segunda-feira. O corpo de Joaquim Silva permanece na delegação do Instituto de Medicina Legal do hospital de Penafiel à espera de ser autopsiado.
O JN tentou contactar o dono da obra, o consórcio auto-estradas do Marão, liderado pela Somague, mas foi informado que não se encontrava ninguém disponível para prestar declarações.