Com 170 mil habitantes, cerca de 20% da população do concelho do Seixal é imigrante, das mais diversas origens. Com o intuito de aproximar todas as culturas, Corroios acolhe até amanhã uma mostra de Saberes e Sabores.
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O encontro intercultural, que se realiza pelo segundo ano, é promovido pelo Centro Recreativo e Cultural do Alto do Moinho, uma das zonas do concelho com maior variedade de nacionalidades. "Divulgar a cultura dos diversos povos permite-nos aproximá-los e tornar o mundo melhor e mais seguro", defende o presidente da colectividade José Torres, lembrando que a falta de conhecimento entre culturas aumenta a desconfiança na sociedade.
Sempre ávidos de saber, os mais pequenos concordam com esta ideia. "Há pessoas que acham que os africanos são muito vândalos, mas se os conhecermos descobrimos que até são pessoas boas", frisou, ao JN, Ângelo Rafael, de 10 anos, enquanto jogava com um colega da turma ao Hasamishogi, de origens japonesas.
As crianças são, aliás, o público-alvo desta segunda edição do Saberes e Sabores, tendo as escolas visitado o espaço durante os dois últimos dias da semana, nomeadamente as secções "Jogos do Mundo", com tabuleiros de várias formas, e "Contos do Mundo", com histórias animadas sobre outros povos.
Entre os alunos da Escola Básica do Alto do Moinho que visitaram o espaço, há um que todos conhecem. Chama-se Hleb Voronin, tem 8 anos, nasceu na Bielorrússia e há quatro anos que vive em Portugal, o último deles em Corroios. "Aprender português foi fácil, mas ir para a escola foi mais difícil", desabafa, garantindo que gosta de partilhar a sua cultura com os outros. "Ele quando chegou cá à escola não falava muito bem, mas depois integrou-se e nós ensinámos-lhe jogos e outras coisas de Portugal", confirma Bruna Lemos, de 10 anos.
O ponto alto do encontro Saberes e Sabores acontece este fim-de-semana, com gastronomia e música de manhã à noite. "São dois dias com muita actividade, com exposições, mas também vários espectáculos demonstrando aquilo que cada uma das culturas nos pode dar", adianta Corália Loureiro, vereadora da Cultura da Câmara do Seixal, que juntamente com a Junta de Freguesia de Corroios, apoia a iniciativa.
A autarca reforça a importância que a multiplicidade cultural tem representado para o desenvolvimento do Seixal. "Temos a segunda maior comunidade cabo-verdiana do país, a segunda maior comunidade ismaelita, uma das maiores comunidades ciganas, com a única associação de mulheres ciganas do país, uma comunidade muito forte brasileira, da Europa de Leste, mas também são-tomense, angolana, moçambicana. É efectivamente uma grande mistura", considera, frisando que "esta diversidade cultural tem valorizado o município e é um grande património".
