Cerca de 30 motoristas manifestaram-se, esta sexta-feira, contra a falta de condições no Terminal da Asprela, no Porto. Em causa está a transferência dos autocarros do centro da cidade para a zona do Polo Universitário.
Corpo do artigo
De acordo com os trabalhadores, em causa estão a falta de casas de banho no Terminal da Asprela, de um local onde possam aquecer os seus almoços e fazer uma refeição nas suas horas de descanso e ainda a eventual escassez de lugares para estacionar todos os autocarros que param junto à estação de metro do Polo Universitário. Os trabalhadores aproveitaram a ocasião e, de forma improvisada, quiseram representar uma casa de banho, colocando, junto ao parque, uma sanita entaipada.
A poucos metros dali, foi construído um edifício que, de acordo com uma resposta que a Câmara do Porto deu ao JN em meados de junho, "terá cafetaria, wc, quiosque e sala de espera", de acesso livre para passageiros e motoristas. Previa-se, à data, uma "abertura gradual" desses serviços entre junho e julho deste ano.
José Manuel Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN), os motoristas já tinham todas estas condições no centro do Porto, junto à Rua de Camões, no mais conhecido parque da Magauanha.
"De uma vez por todas, estamos a ver se a Câmara [do Porto] e a STCP Serviços, que é a responsável por todos os parques da cidade, resolvem esta situação", reivindica o sindicalista, admitindo que, por vezes, os motoristas "não conseguem fazer os intervalos" por não terem um lugar onde estacionar o autocarro, e "conduzem tempo a mais".
A STCP Serviços acrescenta que "está previsto que o parque de estacionamento seja para utilização exclusiva de autocarros autorizados funcionando com controlo de acessos". "Até à data não foi ainda possível instalar o sistema estando este dependente da conclusão de um ramal de energia", clarifica a empresa.
Pelas contas de José Manuel Silva, há pelo menos oito empresas a utilizar aquele local, mas além dos trabalhadores, também os passageiros têm saído prejudicados com a mudança, já que não dispõem de informações, nas respetivas paragens, de quais as empresas e linhas que param em cada uma. A isso, soma-se o facto de, para conseguirem chegar ao centro do Porto, têm agora de pagar uma viagem de metro adicional (1,25 euros), o que não acontecia antes.
"Já é falta de respeito. Já começa a ser demais"
Vítor Jesus, um dos motoristas presentes na manifestação desta sexta-feira, trabalha na Transdev há quatro anos e diz que, para os trabalhadores de outras empresas, esta situação "já se arrasta desde o início do ano". "Nós viemos para cá agora em junho, mas há colegas que estão cá desde janeiro a passar por todas estas circunstâncias", critica, referindo-se à falta de local para os trabalhadores almoçarem.
"Comemos à pressa, sanduíches, ou vamos ali aos cafés e gastamos o nosso próprio dinheiro. E, com esse pretexto, utilizamos as instalações sanitárias de lá", revela Vítor. "Já é falta de respeito, já começa a ser demais", revolta-se o trabalhador, considerando que mesmo o edifício já construído "deveria estar nas imediações do local de descanso" dos motoristas e não junto às paragens.
Para Vítor Jesus, esta situação deve-se a uma "mistura de responsabilidades" entre as operadoras e a Câmara do Porto mas, tendo sido o Município o impulsionador da retirada dos autocarros do centro da cidade, o trabalhador considera que "deveria ter criado as condições necessárias para isso".
Todas as reclamações terão sido já apresentadas às empresas e à autarquia, garante.
Também José Pires, motorista há mais de 30 anos, partilha as mesmas preocupações. "Quando criam um parque de descanso, esperamos sempre o mínimo de condições", observa o trabalhador.