Associação que representa setor envia carta ao Governo a pedir apoios e quer reunir com Direção-Geral da Saúde.
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A movida do Porto está em risco. Há 100 bares, discotecas e estabelecimentos da restauração de menor dimensão que podem não voltar a abrir portas, pondo em causa cerca de 1200 empregos efetivos. Estão fechados há dois meses por conta da covid-19 e, sem medidas de apoio, temem não sobreviver.
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Quem o denuncia é António Fonseca, presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP), que ontem, em conferência de Imprensa, sugeriu ao Governo várias medidas, como, por exemplo, isenção dos pagamentos à Segurança Social e às Finanças, a partir de abril e até ao final do ano, com a exceção do IVA. Esta e outras propostas serão hoje enviadas por carta registada ao Governo, depois de não ter conseguido uma reunião com a tutela.
Uma coisa é certa, nenhum dos empresários, presentes na quarta-feira no Café Lusitano, no Porto, onde decorreu a conferência de Imprensa, tem intenção de abrir portas na segunda-feira. Até porque, antes de tudo, a ABZHP quer recolher sugestões de segurança e de higiene, junto da Direção-Geral da Saúde.
Das sete propostas que considera "cruciais" para a retoma deste setor, António Fonseca destacou "o apoio a fundo perdido da verba correspondente aos salários dos postos efetivos, durante o período mínimo de nove meses, desde que os postos de trabalho, à data do encerramento, se tenham mantido". "Outros países estão a fazê-lo e, que eu saiba, este Governo ainda não aplicou nada a fundo perdido. Esta parte é muito importante, porque o lay-off tem os seus timings e nem todos os empresários estão a ser contemplados", sublinhou.
Arrendamentos
Do mesmo modo, o presidente da ABZHP sugeriu "a não obrigatoriedade da contratação de serviços legislados que não coloquem em causa a segurança dos clientes, como os direitos conexos e os direitos de autor" e a "extensão do prazo dos contratos de arrendamento por mais 18 meses", chamando a atenção para o facto de haver empresários "com rendas entre 10 e 12 mil euros mensais".
Carlos Magalhães, com vários negócios na zona histórica do Porto, dá emprego a 80 funcionários, e revelou que, por mês, só em rendas paga 30 mil euros. "Tenho vindo a honrar os meus compromissos, mas se isto continuar assim, não é viável", alerta.
Sendo este "um negócio que deve ser protegido", Fonseca apelou também à necessidade "de uma moratória de todos os créditos por um período mínimo de 18 meses, à redução do IVA para os 7% e que haja uma isenção da taxa social única para 2020 e 2021".
Mário Carvalho, dono do Café Lusitano, na Rua de José Falcão, contou que tem 12 funcionários fixos e que está em lay-off.
"Não tenho perspetiva de abertura até haver uma vacina e o Governo tem de apoiar-nos até lá, ou então, corremos o risco de extinção", sublinhou.