"Viver o Ave" pede ecovia que una todos os municípios na tarefa de reabilitar o património das margens do rio.
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É como se tivesse a força das águas do rio: o movimento cívico Viver o Ave nasceu em março passado, em pleno confinamento, e já galgou a margem das expectativas dos fundadores, um grupo de amigos amantes do BTT a que se juntaram cerca de 120 pessoas na missão de alertar para a importância de recuperar o património envolvente, através da criação de um percurso ao longo do leito.
Prometem remar juntos para "devolver o rio às pessoas e as pessoas ao rio", diz o porta-voz da organização, Gualter Costa, e uma ecovia que una todos os concelhos atravessados pelo Ave, desde a nascente, na serra da Cabreira, em Vieira do Minho, até à foz, em Vila do Conde - são quase 100 quilómetros de extensão -, é o desafio que o movimento está a lançar aos respetivos municípios.
Só com um projeto de natureza intermunicipal será possível preservar e requalificar todo o património envolvente, como azenhas, moinhos, açudes ou pontes, acreditam os voluntários dos vários concelhos banhados pelo Ave, que têm já pontos de interesse identificados em todo o percurso.
"Faço BTT, e, há alguns anos, comecei a circular por ciclovias e ecovias e a perceber que elas são uma enorme fonte para as economias locais. Temos umas margens magníficas, que não perdem nada para as outras. Se se interligar e criar um fio condutor desde a nascente até à foz [do Ave], teremos aqui um dos melhores rios", antevê Gualter Costa.
"O movimento é mais abrangente que a ecovia, mas ela é o primeiro motor" do Viver o Ave, explica o porta-voz do grupo, que acredita que aquela estrutura permitiria "criar uma rede" e potenciar a "requalificação de moinhos, azenhas e muito património das margens do Ave que está abandonado".
Um diamante em bruto
"São 93 quilómetros desde a nascente até à foz, e pensamos que, se houver envolvimento dos municípios, usando os caminhos e trilhos já existentes, no espaço de um ano conseguimos ter a ecovia", sustenta Gualter Costa, que mora na Trofa, um dos concelhos que criou percursos ao longo do Ave.
"O rio tem potencialidade; é um diamante em bruto", defendem os voluntários do movimento. "Estamos a falar de um património ancestral, com séculos de existência e que evoluiu muito com os Descobrimentos", adianta o arquiteto Bruno Matos, voluntário da organização e investigador da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, que lembra, por exemplo, que "a azenha da Maganha remonta ao século XIII", e sublinha que o rio Ave "continua a ser um tesouro por explorar".
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Nomeação para prémio
O movimento Viver o Ave está nomeado para o Prémio Guarda-Rios do GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente), na vertente de boas práticas. Os vencedores são conhecidos no próximo dia 23.
Fotos históricas
Criar um arquivo documental histórico sobre a bacia hidrográfica do Ave é um dos objetivos do movimento, que desafia a comunidade a participar no projeto através do envio de fotos ou documentos para o email viver.ave@sapo.pt.