Movimento Gaia Verde organiza caminhada no domingo contra alteração da estação de TGV

Zona de implantação do TGV, em Vila Nova de Gaia
Foto: Pedro Correia
O recém-criado movimento cívico Gaia Verde, manifestou-se esta sexta-feira contra a deslocalização da estação de alta velocidade em Vila Nova de Gaia para Vilar do Paraíso, estando a organizar para domingo uma caminhada em São Caetano, na "zona ameaçada".
"Como a maior parte da sociedade portuguesa, ficámos chocados com o anúncio de que o consórcio que tinha ganhado o concurso para a construção da linha de alta velocidade, tinha decidido unilateralmente que não iria cumprir elementos essenciais do projeto inicial", pode ler-se num comunicado esta sexta-feira enviado às redações.
Constituído em outubro, o movimento, que tem para já "entre 10 a 15 membros ativos", segundo um dos membros fundadores, Ricardo Silva, assume-se como uma "iniciativa cívica apartidária e inclusiva sediada em Vila Nova de Gaia, Portugal, fundada por cidadãos unidos pela defesa dos espaços naturais, transparência na tomada de decisões públicas e promoção da qualidade de vida urbana", lê-se na página oficial na rede social LinkedIn.
Como primeiro grande momento, o movimento - que, segundo Ricardo Silva, quer ter uma "atitude construtiva e positiva" e não só "apontar o dedo" - convida os cidadãos a participar numa caminhada com início às 10:00 na capela de São Caetano, em Vilar do Paraíso.
Em causa está uma proposta alternativa para a estação da linha de alta velocidade de Gaia, cujo contrato de concessão assinado com o Estado define que será em Santo Ovídio, com ligações a duas linhas de metro, mas que o consórcio AVAN Norte (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto) quer construir fora do local previsto, em Vilar do Paraíso, sem garantia de construção da respetiva extensão do metro.
"Em particular, rejeitamos a proposta de mudar a estação subterrânea em Santo Ovídio, integrada numa zona central e intermodal, para uma estação no meio de uma zona rural e pouco densa, com inexistentes ligações a transportes públicos e limitados acessos rodoviários", refere o movimento.
O Gaia Verde argumenta que a alteração "contraria boas práticas de concursos públicos e levanta questões legais", já que, "alterar elementos fundamentais como a localização e condições de construção de uma estação, seria motivo para lançar um novo concurso".
O movimento considera ainda que há "vários pressupostos do projeto que demonstram baixa credibilidade técnica", como assumir "uma procura de 3.000 passageiros por hora para a estação de Gaia, o que equivale a nove milhões de passageiros por ano", valores que "nem sequer se observam em estações de TGV nos arredores de Paris".
Advoga ainda que a alteração "estimula a já elevada congestão rodoviária no município", notando que "o projeto de execução de um dos maiores investimentos em transportes públicos em Portugal argumenta que a estação não deveria ser em Santo Ovídio, por já haver bastante congestão rodoviária nessa zona", mas "propor a estação alternativa para sul, numa zona esvaziada de transportes públicos, é estimular ainda mais o trânsito rodoviário com todos os efeitos negativos associados".
Por isso, o movimento defende que "deveria haver também uma comparação entre o uso de transportes públicos locais que pode ser muito mais potenciado numa zona central como Santo Ovídio, já ligada por redes de autocarros a todo o município, e perto da rede ferroviária, com a estação em Guardal de Cima, que teria o efeito de estimular ainda mais a dependência automóvel".
O projeto de execução proposto também "ignora o traçado avaliado com menor impacto ambiental - a variante de Vila Nova de Gaia", uma vez que implica o menor movimento de terras, menor alteração da paisagem, menor ruído, e também o menor número de expropriações e de destruição de zonas de reserva agrícola e ecológica.
"A nova proposta do consórcio propõe a maior parte da linha à superfície em Gaia, o que causaria muito maior impacto no território, em termos de ruído, de fragmentação do território, e destruição de zonas industriais, agrícolas e ecológicas", aponta, referindo ainda a ausência de "um estudo que compare os custos económicos, sociais e ambientais das duas propostas".
O grupo apela "às autoridades competentes e às autoridades locais que exijam estudos completos de comparação de todos os custos económicos e ambientais entre o projeto original e o projeto de execução", que "haja transparência e comunicação alargada à população" e à participação na Consulta Pública disponível no portal participa.pt.
