Comerciantes de Costa Cabral, no Porto, lamentam confusão permanente. Câmara promete implementar melhorias e consolidar segurança.
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Todos os dias há confusão no trânsito na Rua de Costa Cabral, no Porto, por causa do estacionamento abusivo, sobretudo nas extremidades da artéria, junto à Praça do Marquês e à Estrada da Circunvalação, na Areosa. "Basta um carro parado junto a um pino e já mais ninguém passa. Então com os autocarros... é um problema!", conta Francisco Lopes, 79 anos, há 22 com negócio na rua. "As mudanças no trânsito [como a introdução de pilaretes] não vieram melhorar nada", diz.
Após a intervenção na Rua de Costa Cabral, nos primeiros anos a média de acidentes baixou, descendo também o número de atropelamentos para cinco por ano, não havendo registo de vítimas mortais.
As mudanças na rua mais extensa da cidade, implementadas há alguns anos, não agradam totalmente. Augusta Santos, 54 anos, com loja aberta na artéria há cinco anos não tem dúvidas: "Se não houver trânsito isto é muito prático, mas o que complica é que as pessoas gostam de levar o carro quase para dentro da loja".
O JN verificou isso mesmo, com vários condutores a pararem os veículos, ora para ir comprar roupa, ora para ir à farmácia, à mercearia ou ao talho, adensando uma fila de automóveis mal estacionados.
Ao início da manhã e ao final da tarde o problema é outro: "São carros parados de qualquer jeito para irem levar e buscar os meninos às escolas", observa outra comerciante. "E Polícia? Nem vê-la", diz Francisco Lopes, convicto que "a Rua Costa Cabral sem estacionamento não é funcional e o ideal era tirarem os pilaretes para aliviar a confusão". Outra alternativa, refere o comerciante, "era colocar a rua com um só sentido".
O mesmo defende Mário Geraldes: "Para mim, a solução seria pôr a rua com só um sentido, criando lugares de estacionamento numa das vias e alargando os passeios". O comerciante é dos que faculta estacionamento pago aos seus clientes na garagem do Perpétuo Socorro, a 20 metros da sua loja. "E eles usam", observa.
Todavia, a maioria dos utilizadores da Rua de Costa Cabral infringe, "contribuindo para que todos os dias o trânsito fique péssimo" nesta zona da cidade, queixa-se Mário.
A "escassez de lugares de cargas e descargas e o facto de ficarem longe dos estabelecimentos" junta-se à lista de queixas dos lojistas.
Cargas e descargas
Atenta à situação, a Câmara do Porto, em resposta ao JN, promete "melhorar as condições da logística urbana, principalmente as cargas e descargas", assim como "procurar soluções de estacionamento de proximidade a esta artéria, mitigar as situações de estacionamento abusivo (situação sinalizada entre as queixas pontuais recebidas pelo Município) e consolidar a segurança rodoviária". É também intenção da Autarquia "continuar a melhorar as velocidades comerciais do transporte público neste eixo e manter a acomodação pacífica dos modos suaves, principalmente a bicicleta".
Número de acidentes baixou
A Câmara do Porto confirmou ao JN que tem monitorizado a Rua de Costa Cabral "quer no que respeita à sinistralidade quer no que respeita à velocidade comercial do transporte público". Com o registo da sinistralidade rodoviária efetuado no antes e no pós intervenção, o Município do Porto tem o registo que, "desde a intervenção nesta artéria, o número de acidentes por ano, em média, baixou". A Rua de Costa Cabral registava "uma média de 38 acidentes/ano, dos quais sete eram atropelamentos".