<p>Faz esta manhã dois dias que uma mulher está em greve de fome, à porta da Câmara de Vouzela, contra uma denúncia anónima que a acusava de maus tratos à mãe. Não sai de lá enquanto não souber quem foi.</p>
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Maria Helena Madeira, de 47 anos, residente em Carvalhal de Estanho, freguesia de Queirã, exige que a autarquia lhe dê informações sobre quem lançou sobre si suspeitas baseadas em "falsidades e mentiras".
"Alguém ligou para a Câmara a dizer que trato mal a minha mãe de 83 anos. Vivemos num Estado de Direito e exijo que me facultem pormenores dessa denúncia. Se souber o dia e a hora a que o telefonema foi feito, posso pedir ajuda à Portugal Telecom para identificar o autor ou autores", desabafa a mulher.
Comerciante, Helena Madeira cuida da mãe desde que esta enviuvou há cinco anos. Também trata da irmã, de 40, portadora de Trissomia 21. "Faço o melhor que posso para que vivam felizes. Não admito que alguém ponha isso em causa", avisa.
O caso foi desencadeado pela visita, a 16 de Setembro, de uma assistente social da autarquia. "Não se identificou e exigia entrar em minha casa e falar com a minha mãe. Não a deixei. Cheguei mesmo a pensar que se tratava de vigarice e informei a GNR de Vouzela", relata ao JN.
Após contactar a Câmara, um dia depois da ocorrência, Helena Madeira ficou mais sossegada. "O presidente confirmou-me que embora não estivesse identificada, a pessoa que foi a minha casa era mesmo uma técnica social. Pensei que o assunto tinha morrido ali.".
A 22 de Outubro, a família recebeu nova visita: "eram duas técnicas, uma delas a que nos visitou a primeira vez, e um homem. Deixei-os entrar e falar com a minha mãe. Mas agora quero tirar tudo a limpo", desafia.
Há dois dias sem comer e a viver ao relento, com temperaturas negativas, a mulher promete não desistir do protesto.
"Qu eu saiba, não tenho inimigos. Há apenas duas situações que me preocupam: ter sido candidata pelo CDS.PP para a Junta de Freguesia de Queirã, a 11 de Outubro (há uns anos concorri numa lista do PSD à Câmara), e testemunha num processo judicial".
Câmara alerta serviços de saúde
Helena Madeira lamenta, ainda, que a Câmara de Vouzela, depois de ter admitido que a primeira técnica não se identificou quando foi a sua casa, "tenha enviado um ofício, a 11 de Novembro, a dizer o contrário".
"Isso não é relevante. O que é importante, e por isso já avisámos as entidades ligadas à saúde para que façam alguma coisa, é que há uma pessoa em greve de fome à porta da Câmara", diz ao JN, o presidente Telmo Antunes.
O autarca não compreende o protesto, um mês depois das técnicas sociais terem estado na habitação da queixosa, e lembra que a denúncia anónima "não foi de maus tratos, mas de alguém que disse estar preocupado por ter deixado de ver a mãe e a irmã da senhora em causa".