Munícipes dizem que avisos aparecem em minutos. Nova concessão arrancou no início deste mês. Câmara diz estar atenta à "caça à multa".
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"Nem dois minutos estive parado e já tenho uma multa de seis euros para pagar", reclama Carlos Carvalho, de 43 anos, depois de uma visita à clínica da Travessa do Monte Crasto, em Gondomar, para fazer um curativo. O munícipe revolta-se: "A gente aleija-se, vem tratar-se e em dois minutos é multada". O protesto não fica por aqui: "E os lugares nem sequer estão marcados!".
Maria Martins, condutora do carro estacionado em frente, acena em concordância: "É injusto. Uma pessoa às vezes vem aqui à clínica já sem dinheiro e ainda tem de gastar mais no estacionamento". Em Gondomar, cresce a revolta com a alegada "caça à multa".
Foi sob o mote "Mais lugares, menos preocupação, mais acesso ao comércio local" que a Câmara de Gondomar arrancou, a 3 de agosto, com a nova concessão de estacionamento pago na Areosa e em São Cosme. A mudança já tinha sido aprovada em 2019, depois de a empresa anterior ter rescindido o contrato "unilateralmente", informa a Autarquia. Mas, entre máquinas avariadas e a suspensão da cobrança do estacionamento durante a pandemia, só agora os munícipes começaram a sentir os efeitos.
Mais lugares pagos
Há cerca de dez anos que para estacionar no centro do concelho ou na Areosa é preciso pagar. "Só que não havia fiscais", observa um comerciante que não se quis identificar. "Agora, eles controlam e as pessoas não estavam habituadas", nota.
Ainda assim, deixa críticas às tarifas: "Cobrar 80 cêntimos por uma hora é para obrigar as pessoas a meter um euro. Quem é que vai ter quatro moedas de 20 cêntimos certas? Mais vale um euro, que é só uma". Noutras zonas, por uma hora, o preço é de 60 cêntimos.
Além da mudança de tarifa, há também novos lugares concessionados. O Parque do Souto, por exemplo, é um dos locais onde o estacionamento deixou de ser gratuito.
Para Júlio Pereira, de 53 anos, utilizador habitual do parque, as consequências são visíveis: "Antigamente estava cheio. Agora é a pagar, toda a gente foge". Em contrapartida, junto ao anfiteatro, do outro o lado da rua, numa zona onde o estacionamento é proibido, o largo enche-se de carros.
O Município responde ao aumento de lugares concessionados justificando que, em algumas ruas, o estacionamento era pago de um lado e do outro não. Por isso, trata-se da "uniformização de algumas dessas artérias, explica a Autarquia, que garante estar atenta à "caça à multa".
Comerciantes pedem
Sobre a influência que a medida terá no comércio local, a Câmara diz que há lojistas que "pedem a instalação de parquímetros, uma vez que só assim se garante a rotatividade dos lugares de estacionamento e a possibilidade dos clientes acederem a esses estabelecimentos".