O Museu das Duas Rodas (M2R), que a Câmara de Anadia inaugura esta terça-feira no velódromo de Sangalhos, é todo ele uma viagem: à importância que aqueles veículos tiveram na mobilidade dos portugueses no século passado.
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Ao peso que a indústria das motorizadas já teve e ao que as bicicletas reconquistam na região, atual epicentro nacional da produção de velocípedes e componentes. Às vitórias do ciclismo local e nacional. E até ao futuro, com o veículo com que se vai pedalar nas próximas olimpíadas, em Tóquio.
Um biciclo Marriot & Cooper, de 1885, emprestado pelo colecionador João Seixas, recebe os visitantes no M2R. Seguem-se centenas de outras peças, que vão desde a camisola amarela com que Alves Barbosa venceu a Volta a Portugal em 1951, à bicicleta de pista que a atleta Maria Martins levará, este ano, à competição nos jogos olímpicos de Tóquio.
Ali está também a bicicleta que Óscar Ventura, 72 anos, presidente da União de Freguesias de Tamengos, Aguim e Óis da Ribeira, comprou aos 14 anos, para "ir trabalhar para a Mealhada". E a motorizada autografada pelo fundador da metalúrgica Casal (João Casal), que Carlos Martins, de Sangalhos, emprestou para ser exposta, convicto de que é preciso "transmitir para a posteridade toda a informação, espólio e história das duas rodas".
Mais adiante, uma bomba manual de combustível da década de 1930 surpreende. Segue-se uma Sachs V5 dos anos de 1940, protótipos de outras marcas que nunca chegaram ao mercado e até uma Famel XF-25 com zero quilómetros, que os trabalhadores entregaram à associação ABIMOTA quando a fábrica fechou, para preservarem a sua memória. O fato usado no ano passado pelo piloto Miguel Oliveira também promete cativar os entusiastas dos desportos motorizados.
Uma das paredes laterais do museu é preenchida por bicicletas que não estão no melhor estado de conservação. É o "mural das ferrugentas", que pretende "alertar a população para a importância de preservar o património", explica o diretor do museu, Pedro Dias.
O espaço terá, também, acrescenta Pedro Dias, uma vertente interativa, com simuladores (bicicletas estáticas nas quais se pode pedalar enquanto se vê num ecrã imagens do concelho) e vídeos sobre a história das duas rodas.
"Anadia e toda a região envolvente têm uma forte ligação às bicicletas, tanto no ciclismo como na produção, e às motorizadas e motos, com marcas como a Sachs, Macal e Famel, entre outras", adianta Jorge Sampaio, vice-presidente da Câmara de Anadia.
E o novo M2R promete ser uma viagem sem fim à vista. O espólio, muito dele emprestado por colecionadores de todo o país, é tanto que "as coleções irão sendo mudadas periodicamente", conta o autarca.
Entrada livre
O museu terá entrada gratuita. As visitas serão guiadas, mediante marcação, nos seguintes horários: de segunda a domingo, às 10, 11, 12, 15, 16 e 17 horas
Coleções mudam
As coleções vão rodar periodicamente, uma vez que há muito material que foi cedido e será exposto por fases. Os veículos e peças são de várias zonas do país.
Triciclo Rudge
Um triciclo Rudge, datado de 1878, pertencente à coleção de João Seixas, é das peças mais antigas que figuram no M2R.