Obra alusiva à revolução foi intervencionada devido ao estado de desgaste e para assinalar comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
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O mural alusivo ao capitão Salgueiro Maia na Avenida de Berna, em Lisboa, foi recuperado pelo estado de degradação em que se encontrava e para assinalar os 50 anos do 25 de Abril. A pintura "ganhou novas mensagens com o papel da mulher na revolução a ter um destaque maior", nomeadamente com figuras femininas "preponderantes dos movimentos de libertação das ex-colónias de Portugal", lê-se na descrição da obra de arte, inaugurada esta semana.
O mural, que ocupa a fachada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, desde 2014, foi pintado de novo a oito mãos pelas artistas portuguesas Tamara Alves, Sara Fonseca da Graça (também conhecida como Petra Preta), Moami e Mariana Malhão, da plataforma cultural Underdogs. Nesta reinterpretação, com cerca de 18 metros de comprimento e cinco de altura, Salgueiro Maia, um dos capitães que liderou o 25 de Abril, surge ao lado de mulheres, aqui representadas para que não seja esquecido o seu papel na revolução.
Em comunicado, o coletivo responsável pela obra explica que "a figura masculina de Salgueiro Maia será para sempre a cara da revolução", mas, lembram, "foram várias as protagonistas femininas que lutaram e resistiram durante aquele período". Destaca, por isso, "texturas inspiradas tanto na filigrana portuguesa como nos padrões visuais de culturas africanas" e salienta que "a Revolução dos Cravos colocou fim às guerras coloniais de Portugal".
De forma a "enaltecer a figura sistematicamente silenciada da mulher na história", a artista Sara Fonseca da Graça representa "personagens preponderantes dos movimentos de libertação das ex-colónias de Portugal". "A mulher teve uma participação ativa na luta pela liberdade dentro do seu papel de género, mas também transgredindo as normas da sociedade para o que era esperado do seu papel social. Desde trabalhar nos campos para manter a comida no prato, a cuidar de órfãos da guerra, até a participar desta, de arma na mão", salienta a artista no documento.
O mural, que se tornou um "marco cultural da cidade de Lisboa" na última década, é um projeto da Universidade Nova, da Underdogs, Câmara de Lisboa, Galeria de Arte Urbana, Junta de Freguesia das Avenidas Novas, Câmara de Castelo de Vide e Câmara de Santarém.