Com a nova ponte que vai sobrevoar o Douro a nascer ali ao lado, o Museu do Carro Elétrico, no Porto, tem desenvolvido ações com a população de Massarelos, para apresentar a moradores e comerciantes a nova vizinha: D. Antónia Ferreira, a Ferreirinha, o nome com que foi batizada a travessia.
Corpo do artigo
A ponte está incluída na Linha Rubi do metro, que vai ligar a Casa da Música, no Porto, e Santo Ovídio, em Gaia. O tabuleiro sobre o Douro vai unir as estações Campo Alegre, na margem direita do rio, e da Arrábida, na margem esquerda. A ponte, tal como toda a Linha Rubi, que totaliza um investimento de 435 milhões de euros, feito ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência, deverá estar construída até ao final de 2026.
Até lá, os residentes ainda se habituam à ideia de uma nova travessia, que se destina ao metro e a meios de transportes suaves. Carros não vão passar por ali. Nesse contexto, o Museu do Carro Elétrico está a desenvolver várias ações com Associação de Moradores de Massarelos. A primeira sessão juntou um grupo de seniores do Centro de Dia da Associação de Moradores, para construir uma ponte com massa alimentar. A empreitada era para ser levada a cabo no bairro, mas a chuva trocou as voltas à organização e a construção aconteceu no museu, com os históricos elétricos como cenário de fundo. Usando um modelo da nova travessia do metro, os utentes do Centro de Dia avançaram para a construção da ponte em massa. As "obras" seriam testadas depois ao nível da resistência.
E quanto à ponte propriamente dita, aquela cujo pilar está a ser erguido no local onde antes havia um posto de abastecimento, na marginal do Porto? Dona Augusta, como é carinhosamente tratada, que vive na zona há mais de 50 anos, admite que há alguma preocupação: "A pessoa tem que estar apreensiva, porque não se sabe o que vem depois (da construção) da ponte. Ela passa muito perto das casas, principalmente do bloco de trás. As pessoas vão ficar um bocado debaixo da ponte, portanto, é claro que estão um bocado apreensivas". Admitindo que a travessia do metro "vai implicar com a vida das pessoas que ali moram", Dona Augusta também reconhece benefícios: "A ponte é boa para todos, porque Gaia tem muita gente. De manhã e à noite, olho para a ponte da Arrábida e, às vezes, são horas com os carros parados em filas. De metro é sempre a andar". "Mas as melhorias são só depois, quando estiver pronta", assinalou.
Iara Silva, responsável pelas atividades que os seniores do Centro de Dia da Associação de Moradores de Massarelos frequentam, sublinha a importância deste tipo de iniciativas. E são várias aquelas em que os utentes participam. Nesta em particular, Iara não tem dúvidas: "Gostaram e relembrou-lhes a infância, de quando eram pequeninas e que faziam estas atividades". A "competição saudável" ajudou a tornar a sessão ainda mais divertida.
Esta ação não é o único projeto que o Museu do Carro Elétrico tem desenvolvido relativamente ao tema. Também as "Conversas Debaixo da Ponte" ocorrem de forma regular. Trata-se de um evento aberto ao público em geral, que se realiza na primeira quinta-feira de cada mês e divide-se em três partes: primeiro, os participantes juntam-se num espaço do museu, para uma breve introdução ao tema e uma apresentação; de seguida, formam-se dois grupos e vão para o terreno, falando com pessoas que encontrem e tentando perceber se moram ou trabalham em Massarelos, realizando, igualmente, um inquérito relativamente ao que essas pessoas pensam da nova ponte e do que poderá alterar nas suas vidas; por fim, de volta ao espaço inicial, partilham o que cada grupo reteve e trocam ideias.
Este projeto nasceu no âmbito da construção da nova Ponte Dona Antónia Ferreira, a Ferreirinha. "O museu está aqui mesmo em frente ao sítio onde vai nascer a travessia e, portanto, não pensamos apenas no passado, mas pensamos e refletimos, também, sobre o presente e o futuro", explicou Inês Ferreira, responsável do Museu do Carro Elétrico.