A Câmara de Aveiro planeia criar um polo do Museu Nacional da Imprensa no antigo edifício da Junta de Cacia. Terá uma área ligada às telecomunicações, especialmente aos telefones, aproveitando os diversos aparelhos que Agostinho Pinto foi colecionando desde que, em 1971, começou a trabalhar na área.
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Atualmente a coleção pode ser vista, mediante marcação, num espaço particular em Cacia.
Ribau Esteves, presidente da Câmara de Aveiro, adiantou ao JN que a autarquia tem vindo a “trabalhar com o Museu Nacional da Imprensa” com vista à criação do polo, que terá um espaço dedicado à imprensa regional e outro focado nas telecomunicações, onde deverá ser possível ver o espólio de Agostinho Pinto, que tem um “relevante valor”.
O edifício, que albergará também outros espaços culturais, vai ser intervencionado para resolver problemas de infiltrações na cobertura, para melhorar revestimento, isolamento e eficiência energética e para adaptação/ampliação do imóvel às novas funções. O edil espera que o projeto (adjudicado por 35 mil euros) esteja terminado até ao final do verão, sendo depois lançada a obra. Se tal não for possível antes das eleições autárquicas, a obra ficará no “dossier de transição” para que o sucessor na Câmara lhe dê seguimento.
Mais de 250 peças
As negociações sobre os termos da cedência (comodato) estão a decorrer. Agostinho Pinto diz que, quando foi contactado pela autarquia, no início do ano, a sua primeira reação “foi de tristeza” pela “perda” do que considera ser uma parte de si.
“Mas depois foi de satisfação e alívio, porque o acervo continuava exposto à comunidade, para os meninos e meninas saberem o mundo fascinante que foram as telecomunicações, desde o tempo do discar”. Conta supervisionar a transferência dos aparelhos e diz estar disponível para guiar visitas quando for necessário.
Inaugurado em 2006, o Museu dos Telefones recebe visitas mediante marcação. Já foi visitado por “largas centenas” de pessoas, incluindo emigrantes e turistas de várias nacionalidades.
Na sua coleção, Agostinho Pinto estima ter mais de 250 peças. Entre as mais emblemáticas estão um telefone de mesa Ericsson AC 110 de 1892 (na foto), telefone de mesa Siemens tipo coluna (1930), telefone comutador ATEA (1950), telefone comutador Ericsson DBH (1955), telefone ATM 332 cor de marfim (1961) e um telefone público interior tipo Tamura (1972). Também há uma lista telefónica de Portugal Continental Insular e Ultramarino de 1955 que “é uma raridade”, credifones e acessórios como um chapéu de um guarda-fios, profissão que já não existe.