<p>O Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado do Vale do Tejo, em Mação, inaugura, esta sexta-feira, "dois novos percursos sensoriais" - um multimédia interactivo, outro táctil -, um canal de televisão online e biblioteca na Internet.</p>
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Luiz Oosterbeek, director científico do Museu e docente do Instituto Politécnico de Tomar (IPT), destacou à agência Lusa o projecto que levou, em parceria com uma empresa local, a Benefits & Profits, à criação do software e do hardware que permite a abertura de um canal de televisão na Internet a "muito baixo custo".
Esta solução visa "permitir levar o património cultural a todos os cidadãos e não apenas aos que residem nas grandes cidades ou com dinheiro para pagar o acesso à cultura", adiantou aquele responsável.
O projecto desenvolvido em Mação está em processo de registo de patente, "para proteger um produto" que os seus responsáveis não querem que seja utilizado "para especulação, mas que possa ser disponibilizado, sem lucros, a quem não tem muitos recursos", sublinhou.
A ideia, adiantou, é dotar pequenos museus e equipas de investigadores com um equipamento de baixo custo, tendo como única contrapartida a produção de conteúdos, na vertente da arqueologia, que permita construir uma rede de informação partilhada, a nível internacional.
"A gestão do património é cara e elitista. A nossa preocupação é levar informação de qualidade e rigor" a cidadãos que doutra forma não teriam acesso, acrescentou.
A disponibilização na Internet da Biblioteca especializada em Arte Rupestre existente em Mação e de acervos brasileiros, entre os quais o da maior biblioteca da América do Sul, a da Universidade de S. Paulo, será igualmente assinalada amanhã.
No âmbito das IV Jornadas de Arqueologia Ibero-Americanas, que se iniciam hoje e decorrem até sábado em Mação, o Museu vai ainda inaugurar uma exposição multimédia interactiva, que permite aos visitantes mudarem o conteúdo do ambiente expositivo e visionarem os projectos ligados à arqueologia em curso na região mas também em África e na América Latina.
A outra exposição, táctil, construída com o apoio da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), permitirá aos invisuais "tocar na arte rupestre", sendo também um convite para quem vê fazer o percurso completamente às escuras e experimentar a sensação de "ver com as mãos".
O museu mantém, no primeiro piso, a exposição "Um risco na paisagem - Uma paisagem em risco", um convite à reflexão sobre as origens da agricultura e do espaço rural no Vale do Tejo.
Em vários locais de Mação a pintura de arte rupestre em paredes é já uma realidade, a que se juntarão, esta semana, ladrilhos em cerâmica e uma exposição de fotografia ao ar livre.
Para o final do mês, está prevista a inauguração do Parque do Ocreza, um percurso de 14 quilómetros alvo de um concurso internacional vencido pela equipa do arquitecto José Adrião, que permitirá ver as gravuras rupestres, algumas com mais de 20 mil anos, descobertas na margem do rio em 2000.