O Museu de Setúbal reabriu este fim de semana após 32 anos encerrado pela degradação do Convento de Jesus, onde está instalado.
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O espaço do museu e todo o Convento foram alvo de obras de reabilitação ao longo de mais de 12 anos pela autarquia de Setúbal, num investimento total de dez milhões de euros com recurso a fundos comunitários. O museu está aberto agora ao público e, até ao próximo dia 15, as entradas são gratuitas.
O Convento de Jesus é considerado como uma joia da arquitetura manuelina que serviu como um ensaio do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, monumento que foi construído a seguir. Quando esteve encerrado, chegou a constar na lista dos sete monumentos mais ameaçados da Europa.
As obras decorreram por fases desde 2012. A primeira, concluída em 2015, incidiu na recuperação estrutural de todo o convento, com execução da cobertura e restauro da ala poente. A ala nascente e duas outras salas foram também intervencionadas e construiu-se um novo edifício para a área técnica do Museu de Setúbal, tendo ainda sido integralmente escorada a Sala do Coro Alto e Deambulatório, por apresentar sinais de degradação muito avançados.
Na segunda fase do projeto, concluída em outubro de 2020, foi executada toda a envolvente exterior do Convento, assim como o Deambulatório, a cafetaria, duas salas, a Sala da Roda e instalações sanitárias. A terceira fase foi agora concluída.
De acordo com a autarquia setubalense, "a joia manuelina, agora totalmente reabilitada e devolvida ao usufruto público, reabriu com novas áreas expositivas e recursos de acessibilidade, com destaque para o regresso do Retábulo da Capela-Mor da Igreja do Convento de Jesus, uma obra-prima do Renascimento português".
André Martins, presidente da Câmara Municipal de Setúbal destacou a devolução "ao país e na íntegra uma verdadeira joia histórica e arquitetónica que esteve completamente abandonada por demasiados anos em resultado da incúria e da falta de visão de quem deixou este monumento chegar a inaceitável estado de degradação". O autarca acrescentou que quando a CDU chegou à autarquia, encontrou "um panorama desolador aos mais diversos níveis. O Convento de Jesus era, a todos os títulos, o mais marcante exemplo do desleixo a que tinha chegado a administração da cidade e do concelho".
A cerimónia de reabertura decorreu este sábado e, no domingo, o Coral Luísa Todi deu um concerto especial. O maestro Fernando Malão fez-se acompanhar pelo pianista Jaime Baptista e pelo baterista Rui Rosado no momento musical.