Museu do Holocausto do Porto assinalou aniversário da "Noite dos Cristais" com 2500 alunos
O Museu do Holocausto do Porto assinalou nesta quinta-feira o aniversário da "Kristallnacht" (Noite dos Cristais), com a presença de 2500 alunos de escolas de várias zonas do país. Oren Rozenblat, embaixador de Israel em Portugal, e Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto também estiveram presentes.
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A "Kristallnacht" aconteceu a 9 de novembro de 1938, quando judeus foram atacados pelos nazis alemães. Milhares de judeus foram mortos, tendo sido destruídas muitas empresas e sinagogas, marcando a abertura do que viria a ser o Holocausto. A comemoração, em que também participou a Embaixada Britânica, foi antecipada para esta quinta-feira, porque 9 de novembro é Shabat para a comunidade judaica.
A cerimónia foi presidida pelo diretor do museu, Michael Rothwell, e pela embaixadora britânica em Portugal, Lisa Bandari. Michael Rothwell falou sobre a experiência dos seus avós: "O vandalismo da sua loja e de toda Berlim foi o ponto de viragem em que perceberam que a família tinha de deixar a Alemanha. Os seus filhos fugiram para Inglaterra graças ao Kindertransport, mas eles próprios acabaram por ser levados de comboio para Auschwitz-Birkenau, o maior dos campos de extermínio nazis alemães, onde ambos foram assassinados em 1943", afirmou.
"É uma grande honra estar aqui hoje, e ver tantas pessoas no museu, e testemunhar o trabalho inspirador que Michael e os seus colegas estão a fazer. O Reino Unido orgulha-se de assumir este ano a presidência da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, que reúne governos, peritos e a sociedade civil para promover a educação, a investigação e a memória do Holocausto", referiu, por sua vez, Lisa Bandari. "Este museu ensina-nos sobre os lugares sombrios que a humanidade pode ir quando, em vez de procurar a tolerância, permitimos a desinformação e a desumanização das minorias. Este é um tema central: como podemos todos trabalhar juntos para aprender mais e combater a desinformação e o ódio, especialmente quando se dirige a minorias pelas quais todos devemos falar, mesmo em momentos difíceis", acrescentou.
"Aquela noite escura de 9 e 10 de novembro de 1938, é uma dolorosa recordação da fragilidade da Justiça e da força do ódio sem limites, muitas vezes engolidas pelo silêncio e pelo desrespeito do 'homem comum'. Mas há uma diferença fundamental entre o dia de hoje e o de então. Nessa altura, o povo judeu estava totalmente desprotegido e vulnerável, ao passo que agora temos um Estado forte e independente, com o direito de capacidade de se defender a si próprio e aos judeus", afirmou Oren Rozenblat.
Filipe Araújo sublinhou que "a cidade do Porto orgulha-se de ser um centro de convivência pacífica entre culturas e religiões e um espaço de liberdade para todos". "Recordar o Holocausto em conjunto com a comunidade escolar de todo o país é de especial importância, porque é através da educação que podemos transmitir lições cruciais para construir um mundo melhor", assinalou.