Museu nas Devesas sem a cerâmica é "perder as raízes", diz Manuel Almeida
O fundador da Cerâmica do Douro, Manuel Almeida dos Santos, diz que o futuro Museu-Ambiente, a instalar nas Devesas, em Gaia, sem a componente da cerâmica, equivale a estar a "perder parte das raízes e da cultura" do concelho.
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Manuel Almeida dos Santos refere que criou a Cerâmica do Douro, em Arcozelo, com o compromisso dos presidentes do Município, Heitor Carvalheiras (1989-1997) e Luís Filipe Meneses (1997-2013), de que o acervo seria aproveitado pela Autarquia e integrado no Centro Histórico. "Gostávamos que não ficasse esquecido, se não é património que vai para o lixo", declara.
Esta segunda-feira, na reunião de Câmara de Gaia, será aprovado o pagamento dos prémios do concurso para a conceção do Museu-Ambiente. O objetivo é "criar um polo histórico e de atração turística". Também "expor tecnologias inovadores ligadas à sustentabilidade ambiental", entre outras valências.
Manuel Almeida dos Santos regista que "a cerâmica foi uma importante indústria, em Gaia e no Porto, entre os séculos XVIII e XX". Lembra que montou a Cerâmica do Douro a "título provisório" em Arcozelo, mas com a promessa de mudança de local. A passagem para junto do Convento Corpus Christi foi ventilada. Fundada em 1989, deixou de laborar em 2010.
"Está lá tudo. Os moldes, os desenhos, as peças e o equipamento. Toda a linha da produção manufaturada e tradicional", dá conta, assinalando a sua "tristeza" se este material "não for levado em consideração" para o futuro museu, que demorará dois anos a ser construído. "O objetivo é fazer perdurar na memória coletiva a história da atividade", explica, sobre a sua pretensão.
Reitera a existência de compromissos nos tempos dos anteriores autarcas, mas anota que da parte de Eduardo Vítor Rodrigues "nunca houve qualquer promessa". Apenas "conversas".