O concelho de Amarante é o maior do distrito do Porto, com uma área de 302 quilómetros quadrados. A taxa de cobertura de abastecimento de água em alta, assegurada pela Águas do Douro e Paiva, está “perto de 97%”, de acordo com o presidente do município, José Luís Gaspar.
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“Não é 100% porque há sempre um ou outro lugar que não quis fazer a ligação”, explica. No abastecimento em baixa, ou seja, na distribuição que é feita a domicílio, “a adesão à rede é menor” e ronda os “70%”.
Porque é que isto acontece?
Porque nos meios de mais baixa densidade populacional, ainda há pessoas que têm o seu furo e não fazem a ligação à rede. O que está a ser feito, até porque a lei obriga a que haja essa ligação, é uma campanha de esclarecimento dirigida à população. Também por razões de saúde, pois com a adesão à rede pública há a garantia de que há um controlo absoluto da qualidade. O objetivo é passar de 70% para 100%.
Há áreas do concelho com mais urgência na substituição?
Há necessidade de intervenção em muitas zonas rurais e até na própria cidade. Estamos a falar de uma rede já muito antiga que precisa de ser substituída. O que também está a ser feito é a monitorização. Ver onde é que a água se perde. É feita setor a setor. À medida que se vai avaliando o sítio em que há maiores perdas é feita a substituição.
Qual a percentagem de perdas?
Em alta é residual, quase não existe a não ser numa situação eventual. Em baixa, os indicadores que temos é que ronda os 38,85%.
E como se reduzem?
Aquilo que está a ser feito é setorizar. Antigamente esse trabalho não existia. Quando havia uma rutura só se conseguia detetar quando víssemos a água a escorrer. Atualmente, como é feita por setores, consegue-se fazer uma monitorização em que conseguimos identificar onde há perdas. Basta percorrer o setor e tentar ver onde é a fuga. É nesse sítio que é feita a substituição. Tem havido, obviamente, uma grande diminuição e tem a ver exatamente com esta capacidade de identificar o sítio da rutura.
Amarante tem vantagens em pertencer ao sistema da Águas do Douro e Paiva?
Sim, claro. Conseguimos estar num sistema muito alargado, em que há municípios grandes, são grandes clientes, digamos assim, numa leitura mais simplista, e temos municípios mais pequenos, nomeadamente Amarante. Com a Águas do Douro e Paiva consegue haver aqui um tarifário bastante razoável e, portanto, há aqui também coesão territorial.
Coesão territorial que muitos defendem que deveria estender-se a todo o país. Também é a sua opinião?
Seria muito interessante que em baixa houvesse um tarifário que pudesse ser nacional, até para beneficiar os municípios mais pequenos. Os meus colegas de Trás-os-Montes ainda sofrem mais do que aqui em Amarante. Há disparidades muito grandes, coisas que não acontecem em alta, por exemplo, com a Águas do Douro e Paiva. Como há equilíbrio acabamos por ser beneficiados.
Com a energia aconteceu isso.
Precisamente. E hoje ninguém se queixa. Claro que agora há um mercado liberalizado, mas estamos a falar de pequenas variações e mesmo assim é muito interessante e há equilíbrio. A energia nos grandes centros é a mesma que aqui em Amarante. Com a água devia ser igual. Devia haver uma lei da compensação. Os grandes centros também são beneficiados noutras questões em que nós é que contribuímos para o equilíbrio do todo nacional. Por exemplo, em termos ambientais. Portanto, quando se fala de coesão, temos de falar em tudo. A água é um bem essencial. Não é aceitável que haja disparidade de preços. Espero que no futuro possa haver um equilíbrio maior.
Esse é um desafio, mas há outros?
Sim. A começar pela questão tecnológica. Aquilo que a Águas do Douro e Paiva está neste momento a fazer, em termos de inteligência artificial (IA), é muito interessante. São projetos-piloto para monitorizar e otimizar cada vez mais os serviços, para ter perdas menores e para que possa haver um trabalho 24 sobre 24 horas. Isso só é permitido com a incorporação da IA. Muitas vezes somos críticos relativamente a ela, mas pode ser um benefício para a otimização do sistema e diminuição de custos.