Bengalas reconstruídas, cartolas remendadas e muita cerveja. Depois de um cortejo memorável, milhares de estudantes continuam a fazer a festa no Queimódromo, no Porto. Não há cansaço que esgote a festa académica.
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É com a voz rouca que Margarida Curval, finalista de Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), marca presença no Queimódromo pela quinta noite consecutiva.
É quarta-feira à noite e pelos palcos do recinto passam Dillaz, Wet Bed Gang, X Tense, Joint One & Yung Juse e DJ Fifty. A multidão gosta da música, não se vê um palmo de chão, mas poucos dançam. A coreografia mais usada é o levantamento do copo. Nas barraquinhas não há mãos a medir para servir quem chega. E também ali há música. Tão alta, que se torna quase impossível conversar. Mas a festa faz-se na mesma, com muitos brindes e sorrisos.
"Gostamos muito da festa. Para o ano vamos começar a trabalhar, e por isso estamos a tentar aproveitar todos os últimos sabores da vida de estudante", partilha Margarida.
A passagem pelo cortejo desta terça-feira pode ver-se nos adereços da finalista: a cartola remendada e a bengala reconstruída.
"É uma amálgama de emoções, tristeza, incerteza e também muita felicidade pelos últimos seis anos que vivemos com os nossos colegas e amigos", diz a estudante, sobre o sentimento de ser finalista.
O cenário é colorido. Há indumentárias de todas as cores e muitos estudantes trajados a rigor. A euforia também se pinta de preto e branco.
É de copo na mão que as amigas Maria João e Vânia se divertem ao som dos Wet Bed Gang. "O que me faz voltar é o espírito académico. E a cerveja. A cerveja é que importa", expõe uma das jovens.
Para Inês Gonçalves, o Queimódromo é um local onde viveu histórias que se tornaram boas lembranças. "É uma energia incrível. Toda a gente se dá e percebe que há encontrões. O resto é aproveitar a Queima", diz entusiasmada.
Na barraca "Esponja-se", Francisca Graça diverte-se ao mesmo tempo que serve os muitos clientes que chegam. A festa faz-se dentro da barraca e não apenas fora", garante a estudante.
Se a vida são dois dias e o Carnaval três, as noites da Queima são oito. E prolongam-se até de manhã. Até sábado, milhares de estudantes (e não só) continuarão a encher o Queimódromo. Na noite desta quinta-feira, atuam os Karetus e MC Pedrinho, havendo ainda um concurso de DJ.
Na sexta-feira sobem ao palco Two Door Cinema Club, Calema e Da Chick. No sábado, sob o tema "Revenge of the 2000's" atuam Luke D'Eça dos 4 Taste, TT, Luciana Abreu e Mundo Secreto.
52% de lixo já foi reaproveitado
Folia à parte, no Queimódromo também há consciência ambiental. Comparativamente ao ano passado, a taxa de sucesso de lixo reciclado e aproveitado já superou todas as expectativas. Quem o disse foi Daniela Vital, executiva da Comissão Ambiental da Queima das Fitas. "A taxa este ano já assenta nos 52%, apenas nestes cinco dias de festa. No ano passado foi praticamente nula", explicou a jovem.
Contudo, chegar a números tão satisfatórios demorou algum tempo e só está a resultar este ano devido à aposta pela sustentabilidade, como o "stand verde", que pretende evitar os desperdícios e a poluição em todo o recinto.
O processo começa nas próprias barracas, onde é feita a separação dos resíduos. O lixo é entregue aos voluntários no stand e reencaminhado para os compactadores e posteriormente para as instalações da Lipor.
Por detrás da organização e supervisão da Queima das Fitas do Porto estão 600 voluntários, entre estes, uma equipa de 12 elementos dedicada às preocupações ambientais.