"Não havia necessidade de sairmos assim". Armazém dos Linhos deixa Rua de Passos Manuel
O dia 31 de dezembro marcou o fim do Armazém dos Linhos na Rua de Passos Manuel, no Porto. Mas, ao contrário de outras lojas classificadas pelo Porto de Tradição que fecharam portas, a pressão imobiliária não conseguiu matar o sonho das irmãs Filipa e Leonor Pinto Basto em manter viva a loja com 119 anos.
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Todavia, na manhã desta terça-feira, o último dia em que o Armazém está de portas abertas, até às 18 horas, na rua que desagua na Praça de D. João I, o ambiente era dominado "pela nostalgia". "É inevitável!", desabafava ao JN Iolanda Monteiro, funcionária no espaço há nove anos, tentando esconder a revolta que lhe vai na alma: "Sentimos que não houve ninguém responsável pelo comércio local que tivesse colocado a mão a sério nisto".
Já José Barbosa, que também teve de fechar o Armazém Camões & Moreira Lda, na Rua de Cândido dos Reis, sucumbindo ao valor da renda que iria triplicar, desabafou: "Sei bem o que custa fechar uma firma, ainda para mais num sítio tão emblemático". Há três anos, "o bichinho dos tecidos" trouxe-o de volta ao mercado de trabalho e ali, no n.º 15 da Rua de Passos Manuel, voltou a ser feliz. "É o verdadeiro relações públicas cá do sítio", diz Iolanda, enquanto solta uma gargalhada. "Sinto-me como peixe na água", respondeu o funcionário.