Há dois meses, começou a suceder o impensável: Eugénia Barbosa viu a chuva invadir-lhe a casa, em Santo Tirso. A filha de 12 anos "acordou molhada". Retirou-a do lar, com a bebé de 17 meses, para evitar doenças. Acusa o senhorio de nada fazer.
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É mais do que frio o primeiro andar da moradia da Rua Sacadura Cabral, mesmo ao lado do relvado do Tirsense. Há um travo húmido que se cola à pele e à garganta e que gera condensação a cada palavra articulada.
"Arranjei uma infecção pulmonar por causa disto". Eugénia, que diz carregar a doença há um mês, aponta para tectos e paredes sarapintados de bolor; mostra estofos, edredões e móveis no mesmo estado. "O médico disse para eu sair [da casa] o mais rápido possível, porque posso contrair pneumonia, bronquite ou asma. E que fiz bem em proteger as meninas desta humidade e mofo", contou.
Beneficiária do Rendimento Social de Inserção por estar incapacitada para trabalhar, Eugénia Barbosa não tem, pois, facilidade em encontrar uma habitação a um preço acessível. Tentou, por isso, que o senhorio fizesse as obras necessárias para travar as infiltrações de água. Contactou-o várias vezes, assegura. Sem resultados. "Toquei à campainha. Nunca abriu a porta. Não quis ver como a casa está. Viu por fotos que lhe mandei. Diz que não é responsável pelos estragos na casa nem nas minhas coisas", contou, ao JN.
Problemas no telhado
Há cinco anos a habitar ali, Eugénia garante nunca antes ter tido problemas, que só surgiram após uma intervenção do senhorio: "Há dois anos, mandou lavar telhado e paredes. Lá partiram telhas, porque, no Inverno seguinte, começaram a cair pingas". Tudo se agravaria com as fortes chuvadas que começaram a cair no final de 2009. "O meu namorado foi ao telhado e, realmente, havia telhas partidas", lembrou.
O quarto da filha mais velha é a divisão que se encontra em pior estado, com humidade por todo o tecto. Eugénia recordou o episódio que a fez retirar as filhas de casa: "Ela estava a dormir e acordou completamente molhada".
Ao JN, o senhorio afirmou que "a casa não mete água". "Mandei arranjar o telhado em Janeiro", asseverou José Gomes, referindo que a inquilina "não tem seguro de recheio".