Os primeiros destroços encontrados no mar, permitem ao comandante da capitania do Porto de Peniche admitir que o naufrágio da embarcação "Fábio e João" deverá ter sido "muito rápido". O agravamento do tempo poderá dificultar as buscas durante o dia de hoje, domingo.
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O comandante Patrocínio Tomás revela que existem "pistas" para o naufrágio da embarcação de pesca, ocorrido ao início da noite de quinta-feira, a cerca de três milhas da praia da Areia Branca, Lourinhã, mas não adianta para já pormenores. Revela apenas que "quase de certeza foi tudo muito rápido".
Quatro pescadores de Ribamar, casados e com filhos, alguns com netos, continuam desaparecidos no mar e o comandante da Capitania admite que "a esperança de os encontrar vivos é cada vez mais nula". "Há medida que o tempo passa há cada vez menos esperança", frisa Patrocínio Tomas, adiantando que a prioridade agora "é encontrar os corpos".
Ontem, ainda durante a manhã, a cerca de quatro milhas da praia da Areia Branca, a sul de Peniche, a corveta António Enes encontrou algumas redes de pesca e bóias de sinalização e salvação, pertencentes à embarcação, que deverá estar a cerca de 60 metros de profundidade. As artes foram recolhidas com a ajuda dos pescadores de Ribamar, que seguiam nas embarcações Leão Marinho, Silvestre Afonso e Milagre de Peniche, e que aportaram no Porto de Peniche a meio da tarde.
Com a localização do barco, mergulhadores sapadores da Marinha chegaram ontem ao final da tarde a Peniche. O agravamento do estado do tempo impede para já a realização de mergulhos, que poderiam confirmar a localização exacta do barco e a existência ou não de corpos dos pescadores desaparecidos.
No porto de embarque e desembarque, Rúben, um dos filhos de Amândio Pinto, mestre e proprietário do barco naufragado, acompanhou de perto o descarregar das redes e das bóias. Teve a difícil tarefa de ir identificando os vestígios recolhidos do mar.
A amargura e tristeza de companheiros de dias e noites de pescarias estava patente em cada rosto dos pescadores que carregavam para carrinhas as artes recolhidas no mar. Tentam explicar o que aconteceu, avançam com hipóteses e no final lamentam apenas o sofrimento daqueles quatro homens que deixam em Ribamar mulheres, filhos e alguns até netos. Neste momento apenas querem recuperar os corpos.