Joaquim Araújo, da Maia, é um dos maiores produtores nacionais e deve fazer chegar 40 mil vasos a todo o país.
Corpo do artigo
A 15 dias do S. João, Joaquim Araújo, 57 anos, um dos maiores produtores de manjericos do país, não tem mãos a medir para as encomendas. Nem as limitações da covid-19, que levaram ao cancelamento da festa em municípios, como o Porto, Vila do Conde ou Braga, lhe estragaram o negócio. Antes pelo contrário. Segundo Joaquim, com plantação em Pedrouços, na Maia, onde também é presidente da Junta, cerca de 40 mil manjericos andam, por estes dias, a ser distribuídos por todo o país.
"É uma planta que parece que tem mel. Não é um produto de primeira necessidade, mas até parece. Há alturas que temos tudo programado para saírem 500 manjericos e, passadas duas horas, estão-nos a pedir mais 300", conta, orgulhoso, explicando que isto acontece "quando as lojas já venderam tudo e voltam a pedir mais". Uma realidade que "obriga a uma velocidade extra" dos funcionários que estão nos campos a colher.
É que o método, de sol a sol, é exigente, uma vez que os manjericos só são colhidos na véspera de seguirem para o destino. "O processo tem de ser rápido e para a planta não sentir esse stress acaba por sair da terra diretamente para o vaso", explicou Joaquim.
Tiram férias nesta altura
Por estes dias, "há encomendas que saem de Pedrouços logo às cinco da manhã", assegura o produtor, salientando que tanto ele como a mulher, Alexandrina, tiram sempre "férias nesta altura do ano".
Até o filho Hélder, de 25 anos, dá uma ajuda no negócio, transportando algumas das encomendas.
Alguns metros à frente, numa garagem, Maria Joaquina Moreira, 73 anos, vai etiquetando os vasos de barro antes de seguirem para os campos. "Ui! Já perdi a conta ao número de vasos que já me passaram pelas mãos. Milhares, muitos milhares", disse, num sorriso.
É que ainda antes do S. João há carregamentos de manjericos que rumam ao Sul, para o Santo António de Lisboa. Mesmo sem festa.
Joaquim Araújo ressalva que nesta altura do ano há também cada vez mais gente que lhe faz encomendas de manjericos para os noivos oferecerem aos convidados nos casamentos e até dos vasos mais pequeninos, para serem colocados nas campas dos cemitérios em alusão às festas.
Dos campos do produtor, que também vende para grandes superfícies, saem manjericos entre os 3 e os 25 euros. E não desconfie se vir algum roxo, tal como as alfaces. São raros, mas igualmente cheirosos.
Roteiro
Porto
A festa no Porto faz-se até ao fim do mês em três parques de diversões: na rotunda da Boavista, nas Fontainhas e em Lordelo do Ouro. Há carrosséis, farturas, pão com chouriço, sardinhas e febras assadas e matrecos. Os três parques funcionam diariamente até às 22.30 horas. A 23 de junho encerram às 18 horas, abrindo em horário normal no feriado do dia seguinte: meio-dia a restauração e 16 horas os carrosséis. Os espaços são gratuitos, mas só entra quem tiver máscara.
Não haverá fogo de artifício, nem concertos nos Aliados.
Vila do Conde
A ideia é manter vivas as tradições, mas evitar aglomerações. Vai haver cantares a S. João (a uma semana da festa), uma exposição de carros alegóricos dos dois ranchos (dia 17), quatro cascatas e, na grande noitada, um pequeno "apontamento" de fogo de artifício.
Braga
O programa do S. João de Braga acontecerá "Entre Portas", numa dinâmica entre iniciativas digitais e presenciais. No dia 19, o Theatro Circo acolhe a Gala Sanjoanina, às 21.30 horas, que contará com Ana Bacalhau. No dia 22, às 19 horas, a mesma sala recebe o espetáculo "Banquete de David".
Curiosidades
Vasos não têm sal
Há um boato, que dura "desde o tempo de Salazar" de que os produtores juntam sal à terra do vaso para o manjerico durar menos tempo e o cliente ser obrigado a comprar outro. "Daqui só sai a terra onde está plantado", assegura Joaquim Araújo.
Cheirar não estraga
O produtor garante que "é um mito" dizer-se que o manjerico se estraga se for cheirado diretamente. Ainda assim, é mais habitual colocar-se a mão. Já o excesso de água pode matar a planta, que gosta de temperatura a rondar os 24/25 graus. Aconselha-se que o vaso seja rodado para que toda a planta apanhe sol por igual.