Nem 10 mil quilómetros de distância ou a pandemia arrefeceram o ânimo de Gonçalo Loureiro, publicitário a residir na Tailândia, que quis proporcionar um dia de aniversário especial à avó Palmira, que mora em Viseu, pelas suas 86 primaveras.
Corpo do artigo
A "minha querida avó faz hoje 86 anos. E desta vez vai celebrá-los sozinha em casa, algo impensável para esta alma frenética e jovial, eu sei. Portanto, proponho-vos o seguinte: liguem à minha avó e cantem-lhe os Parabéns", escreveu, em tom de desafio, numa publicação no Facebook. Lá garantia que quem ligasse seria recompensado pela boa disposição da sua avó e descrevia o sentimento de impotência perante a distância e a necessidade de isolamento social devido ao Covid-19, nesta data especial.
O desafio foi aceite e, na quarta-feira, no aniversário, Palmira passou o dia ao telefone. "Foi o dia da crise que menos custou a passar. Gostei muito, foi uma ideia genial", contou, ao JN, a idosa, que tem ficado em casa para prevenir o contágio. "Falei com a família, com pessoas com quem não falava há anos" e até com alguns estranhos.
"O facto de saber que a minha avó ia estar sozinha precipitou a vontade de fazer qualquer coisa de diferente", explicou Gonçalo Loureiro ao JN. Esta quinta-feira, noutra publicação, o neto agradeceu a centena de telefonemas que a avó recebeu e as felicitações que chegaram, solidárias, de todo o lado, para quebrar a solidão e trazer felicidade à 'D. Palmira', mesmo que fechada em casa.
https://www.facebook.com/goncalo.loureiro/posts/10158353438432088?__cft__[0]=AZXb0BWsOxNi-Y6QtFeL9PJdBH9KNH4NqTt-yeJxZuxHhmfX_SQdG54UP-N1mZ5zzXHXxbip5_oS8ttrREz4VWQzMg-JEGDroDmJQF7HNQqwm4ZWEpAZWdi-eBrLwT6SH5g
"Sei que para muitos era apenas mais um dia de quarentena a penar, fechados em casa a tentar fintar a monotonia e a depressão, mas para mim era o dia de aniversário da minha querida avó Palmira. E viver isto a mais de dez mil quilómetros de distância, sem poder sentir o seu abraço mágico com sabor a férias grandes em Viseu, e sabendo que a minha avó estaria condenada a "celebrar" sozinha em casa, acreditem que não foi fácil", escreveu.
"Em tempos de crise temos de improvisar", explicou Gonçalo Loureiro, sem esconder a surpresa pela recetividade que a ideia teve e a solidariedade da população.