Em três anos acumulou 1,9 milhões euros de dívidas, a 63 credores, entre eles os trabalhadores (43 mil euros), a Segurança Social (108 mil euros), as Finanças (20 mil euros), o IAPMEI e a banca (544 mil euros). Tem zero em património. A assembleia de credores é na próxima terça-feira. Serão eles a decidir se a Nevermind vai ou não continuar a laborar.
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A empresa sediada em Labruge, Vila do Conde, que cria e promove eventos para crianças e detém as marcas "Love in a Box" (casinhas, parques e mobiliário infantil), "Industry Nevermind" (mobiliário) e "Organic House" (casas modulares), está, diz o administrador da insolvência, "em asfixia económico-financeira".
A empresa abriu portas em março de 2019 com a organização de eventos. Seguiu-se a carpintaria, o mobiliário infantil e, finalmente, a construção e design de interiores.
O JN noticiou o caso em junho último: vários trabalhadores denunciavam falta de pagamento. Susana Silva, a sócia maioritária e gerente da Nevermind, dizia ser apenas "uma fase menos boa", fruto dos impactos da pandemia.
A 19 de agosto, a insolvência, pedida por quatro trabalhadores, foi declarada pelo Juízo de Comércio de Santo Tirso.
Agora, o administrador da insolvência, Manuel Cruz, faz o diagnóstico: a Nevermind alega que, um ano depois do arranque da empresa, a pandemia fez escassear o trabalho e, a somar a tudo isso, um incêndio em novembro de 2021 provocou prejuízos de 122 mil euros que a seguradora recusa pagar. Manuel Cruz diz que os argumentos são "escassos para explicar a gravosa situação financeira" e o endividamento de quase 1,9 milhões de euros.
Património não há: o armazém, em Labruge, é arrendado, os dois carros Mercedes têm reserva de propriedade, o mesmo acontece com as máquinas, que estão já a ser reclamadas pelo fornecedor. Da empresa, há apenas uma carrinha Iveco de 1999 sem valor comercial.
Ainda assim, continua a explicar no relatório a que o JN teve acesso, a gerência acredita na viabilidade do negócio e já fez chegar aos credores um Plano de Recuperação. Garante que tem obras aprovadas no valor de 940 mil euros e 1,1 milhões de euros em fase de negociação. Manuel Cruz deixa, agora, o caso nas mãos dos credores.
25 mil euros ao IAPMEI
Entre os credores está o IAPMEI - Agência para a Competitividade e Inovação que reclama 25 mil euros, concedidos à Nevermind através de uma linha de apoio à tesouraria para micro e pequenas empresas;
Sócia maioritária reclama 155 mil euros
Susana Silva é a sócia maioritária da Nevermind com uma quota de 83%. É ainda a gerente da empresa, mas também ela vem ao processo reclamar créditos no valor de 155 mil euros, relativos a suprimentos