Uma boa parte da população do Porto, 24,5% dos inquiridos, diz ainda guardar o dinheiro em casa, enquanto que as restantes poupanças estão distribuídas por depósitos à ordem e a prazo, segundo consta do Inquérito Diagnóstico Local à Literacia Financeira, promovido pela Câmara do Porto, em 2024.
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Outro dado resultante do estudo indica que "a digitalização dos serviços financeiros já faz parte da rotina de muitos entrevistados: cerca de metade utiliza plataformas online para efetuar pagamentos, transferências e consultar movimentos bancários". E "apesar de 81,9% dos inquiridos estarem cientes da existência de fraudes financeiras, apenas 18,6% afirmam conhecer diretamente uma vítima".
É feito notar que "no planeamento do orçamento, assim como na escolha e gestão de produtos financeiros, os resultados no Porto estão, em geral, alinhados com os obtidos a nível nacional em 2023".
No Porto, "a maioria dos entrevistados (69,0%) revelou adotar pelo menos uma estratégia para planear e gerir o orçamento familiar. Entre os métodos mais comuns, 35,4% registam as suas despesas, 35,2% utilizam ordens de pagamento por débito direto e 33,8% anotam previamente as contas a pagar com o intuito de prevenir esquecimentos".
"Relativamente à poupança no último ano, 56,1% dos entrevistados conseguiram guardar dinheiro, recorrendo principalmente a depósitos na conta à ordem (78,9%), a guardar dinheiro em casa (24,5%) e a aplicações de depósitos a prazo (24,2%). No entanto, apenas 27,3% possuem um plano preventivo para enfrentar dificuldades financeiras, geralmente baseado na poupança gerada através de depósitos na conta à ordem (58,1%), contas a prazo ou poupança (24,9%) e dinheiro guardado em casa (9,3%)", pode ler-se.
Segundo o Inquérito, quando questionados sobre a capacidade de suportar uma despesa inesperada equivalente ao rendimento mensal, "22,4% admitiram ter enfrentado momentos em que o rendimento disponível foi insuficiente para cobrir as despesas". Nestes casos, "os principais mecanismos de compensação utilizados consistiram no recurso a empréstimos informais junto de pessoas próximas e no incumprimento no pagamento de contas, ambos representando 35,7%"
Plano para a reforma
Em relação à reforma, esta foi a resposta dos portuenses: "Quanto ao planeamento [para a reforma], 62,6% dos entrevistados já fizeram ou ponderam fazê-lo, embora a confiança nesse planeamento seja moderada: apenas 43,6% consideram-se moderadamente confiantes e 37,0% revelam pouca confiança. A maioria dos entrevistados (90,4%) pretende financiar a reforma através dos descontos para a segurança social ou outros regimes contributivos obrigatórios, enquanto 43,8% planeiam utilizar as suas poupanças e 23,7% preveem continuar a trabalhar".
No âmbito dos produtos financeiros, o depósito à ordem foi a opção mais comum. "Quando questionados sobre os produtos financeiros que detêm, a grande maioria dos entrevistados (94,9%) referiu possuir uma conta depósito à ordem. Entre os restantes produtos mais comuns, destacam-se o seguro automóvel (41,1%), o cartão de crédito (39,5%) e a conta depósito a prazo (36,4%). Uma parte significativa da amostra (40,2%) não procura informação sobre produtos financeiros. Por outro lado, entre os que procuram, existem duas fontes que são especialmente destacadas pelo potencial de influência que envolvem: entidade vendedora dos produtos (79,8%) e recomendações de familiares e amigos (46,2%)", é referido.
A via digital está cada vez mais entrosada no dia-a-dia: "A digitalização dos serviços financeiros já faz parte da rotina de muitos entrevistados: cerca de metade utiliza plataformas online para efetuar pagamentos, transferências e consultar movimentos bancários. No entanto, a adesão ao digital em operações mais complexas ainda é reduzida". É também interessante referir que "apesar de 81,9% dos inquiridos estarem cientes da existência de fraudes financeiras, apenas 18,6% afirmam conhecer diretamente uma vítima". A propósito, conclui-se que "as medidas preventivas continuam a ser pouco adotadas: apenas 9,9% possuem um plano específico para se protegerem contra este tipo de risco".
Segurança digital
"No que toca à segurança digital, 69,1% dos entrevistados evitam redes Wi-Fi públicas para transações financeiras, enquanto 47,4% verificam previamente se a instituição financeira está devidamente regulada no país antes de realizar operações online. Além disso, 40,6% sabem que um contrato digital pode dispensar assinatura em papel e 34,0% reconhecem que criptomoedas não têm o mesmo curso legal que notas e moedas. No entanto, apenas 21,4% estão conscientes
de que dados pessoais partilhados online podem ser utilizados para ofertas financeiras personalizadas", é de sublinhar.
Entre os entrevistados, quanto mais alto é o nível de escolaridade, maior é o domínio do tema: "De forma geral, os resultados indicam que a compreensão financeira melhora com níveis mais altos de escolaridade. Os homens, trabalhadores ativos e pessoas pertencentes a agregados com maior rendimento mensal, demonstram maior confiança e familiaridade com temas financeiros, evidenciando a importância da educação financeira no desenvolvimento de uma gestão consciente dos recursos".
Em termos gerais, com pontuais diferenças, os resultados obtidos no Porto estão em linha com o retrato a nível nacional. "No planeamento do orçamento familiar e da poupança, bem como na escolha e gestão de produtos financeiros, os resultados da população residente no Município do Porto estão, em geral, alinhados com os obtidos a nível nacional em 2023. No entanto, os resultados apresentam duas diferenças notórias. No Porto, a adoção de práticas de gestão financeira no dia-a-dia é menos comum, com 69,0% dos residentes a referirem essa prática, face aos 82,1% registados a nível nacional. Para além disso, existe também uma menor incidência de planeamento para a reforma, com 62,6% dos inquiridos a mencioná-lo, em comparação com os 84,2% observados no conjunto do país".
Para o Inquérito Diagnóstico Local à Literacia Financeira foram realizadas 751 entrevistas válidas, em formato presencial, durante os meses de novembro e dezembro de 2024.