Nossa Senhora fez "milagre" na Maia e procissão lá saiu

Ainda os fiéis da missa das 9 estavam a acabar de percorrer as barraquinhas da festa da Nossa Senhora da Saúde, em Gueifães, Maia, e a pergunta que, este domingo, mais se ouvia na rua era se a procissão, com o céu tão carregado, sempre iria sair.

Durante a eucaristia das 11 horas, quando uma forte chuvada caiu, a esperança desvaneceu-se. Mas Olga Maia, 62 anos, comerciante que já vai à romaria há cerca de 40, contou que "é costume o tempo estar fraco, mas Nossa Senhora faz um milagre e a procissão acaba sempre por sair".

Antes disso, a vendedora de doces confessou que sentiu que no ano passado, depois da pandemia, "as pessoas estavam com mais fome de festa". "Este ano há mais gente, em virtude de terem regressado os carrosséis, mas as pessoas compram menos. E, com a chuva que caiu na sexta-feira, o público preferiu ficar em casa", assumiu a vendedora que referiu que "os preços subiram, porque o preço das matérias-primas também aumentaram. "A regueifa doce que no ano passado custava três euros e meio está agora a cinco", exemplificou.

Já para atrair "o público mais novo", Olga tem "caladinhos com recheios, feitos na hora, de Ferrero Rocher, Oreo, Kinder Bueno e Nutella".

Já Luís Fernandes que esteve "três anos" sem participar na festa , por conta da pandemia, queixou-se por ter pago mais pelo espaço do seu carrossel: a licença passou de 200 para 350 euros.

"É a fé que nos salva"

Com a igreja repleta de gente, Cristiana Neves, da fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Moreira da Maia, aguardava no exterior, com um grupo de colegas, que a procissão começasse.

Eram 12.45 horas quando o cortejo saiu à rua. Matilde, vestida de Nossa Senhora, chamava a atenção pelo ar compenetrado com que unia as mãos em jeito de prece. A mãe, Maria Alzira, contou que a menina "sofreu um AVC, no dia de Natal, quando tinha apenas oito meses" e que prometeu que ela iria na procissão "até querer". Emocionada, a mãe rematou: "É a fé que nos salva".