No espaço de apenas um ano, já morreram pelo menos nove operários de construção civil do Marco Canaveses. Hoje, vai a enterrar Vítor Manuel Soares Sousa, de 25 anos, que morreu esmagado num tapete de transporte de inertes, em Alpendorada.
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Com uma forte presença de trabalhadores do sector da construção, o concelho do Marco de Canaveses tem sido fustigado por sucessivas tragédias (acidentes nas obras ou desastres na estrada).
A situação é de tal forma grave que o Sindicato da Construção de Portugal tem em marcha uma campanha de sensibilização que visa combater o drama.
Perante este cenário, a Brigada de Intervenção Psicossocial da Câmara do Marco também não tem tido mãos a medir, no apoio às famílias enlutadas, muitas delas de baixa condição social.
"Essencialmente, esta intervenção visa dar uma melhoria da qualidade vida a estas famílias", explicou fonte da Autarquia.
O facto é que o concelho regista um dos maiores índices de desemprego do distrito - em Fevereiro havia um total de 3866 inscritos no Centro de Emprego - e a construção civil acaba por ser, muitas vezes, um dos sectores mais procurados para ultrapassar a situação. Nesse contexto, muitos trabalhadores não hesitam em procurar o estrangeiro para tentar um salário melhor.
Avó tinha morrido há dias
Vítor Manuel Soares acabou por morrer no próprio concelho. Anteontem, o jovem, de Maureles, reparava um tapete rolante de transporte de inertes na empresa Granitos do Norte, em Alpendorada, quando foi esmagado pela referida máquina.
Vítor Manuel deixa órfã uma menina de quatro anos e toda a família com o coração apertado. Família que ainda tentava ultrapassar o luto de escassos dias por causa da morte (por razões de saúde) da avó do jovem, contou, ao JN, o pai de Vítor.
No espaço de um ano, a tragédia de maiores dimensões aconteceu a 26 de Janeiro, quando um acidente na A4, em Valongo, matou cinco operários. A carrinha em que seguiam embateu, de forma violenta, num camião.
Há cerca de um ano, um acidente nas obras da nova sede da Vodafone, no Porto, matou dois trabalhadores: um era do Marco, outro de Paços de Ferreira.