Um investigador português identificou um novo género de planta, descoberta num fóssil com mais de 300 milhões de anos, em São Pedro da Cova, Gondomar. Batizado de "Douropteris alvarezii", homenageia o Douro e o americano que reescreveu a história dos dinossauros.
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O novo achado fóssil foi encontrado em 2010, durante uma escavação efetuada pelo paleontólogo português Pedro Correia, investigador do Instituto das Ciências da Terra, da Universidade do Porto. Após sete anos de investigação, o trabalho foi publicado na revista científica "Geological Journal".
O "Douropteris alvarezii" tem características morfológicas "que são observáveis em diferentes géneros fósseis, mas distingue-se sobretudo pelo padrão de nervação e lobos basais das suas pínulas (folhas), os quais são carateres diagnósticos únicos", argumenta Pedro Correia.
"Estamos perante um novo género e uma nova espécie de uma pteridospérmica, um grupo extinto de plantas do período Carbonífero", entre há 359 milhões de anos e 299 milhões de anos. "É um género novo porque reúne características de dois tipos de plantas, as Pteridófitas (fetos), e as pteridospérmicas", explicou Pedro Correia.
Neste estudo participaram os investigadores Artur Sá, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Zbynek Šimunek, da República Checa, e Christopher Cleal, do Reino Unido. "Quando identificamos alguma nova espécie, temos o privilégio de homenagear alguém especial", diz Pedro Correia, ao explicar o nome dado à descoberta.
A escolha do nome da espécie, "alvarezii", recaiu no geólogo americano Walter Alvarez, da Universidade da California, Berkeley, autor da teoria da extinção dos dinossauros causada pela colisão de um asteroide, há cerca 65 milhões de anos.
O nome do género, "Douropteris", foi inspirado no local onde foi feita a descoberta e salienta a importância científica desta área para a paleobotânica. "São Pedro da Cova é uma das localidades mais ricas em fósseis do Carbonífero superior na bacia do Douro", diz Pedro Correia.
Os últimos trabalhos na bacia do Douro tinham sido feitos pelo geólogo português Carlos Teixeira, nas décadas de 30 e 40 do século XX. "Houve um intervalo de cerca de 60 anos, em que estava praticamente tudo parado em termos de investigação na paleobotânica do Carbonífero em Portugal", recorda Pedro Correia.
"Neste momento, temos colaborado com vários investigadores estrangeiros em novos trabalhos sobre a flora e fauna fóssil da bacia do Douro, e novas descobertas serão anunciadas em breve", conta o investigador.