São 75 anos de dedicação aos livros. Nuno Canavez, o homem que o Porto se habituou a ver ao balcão da Livraria Académica, será homenageado nesta quarta-feira pelo Município, num justo reconhecimento pela longa carreira de alfarrabista. A sessão terá lugar na Biblioteca Almeida Garrett, às 18 horas. A entrada é livre.
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Começou como marçano. Varria e limpava o chão, lavava os escarradores, entregava as encomendas aos clientes. Tinha 13 anos e para trás deixara o lugar de Vale de Juncal, freguesia de Abambres, concelho de Mirandela. Como muitos outros, os pais queriam dar aos filhos melhores condições e mandavam-nos para as grandes cidades, pois "a vida na aldeia é a arte de empobrecer e de morrer alegremente", diz ao JN. Assim foi. Depois do irmão, Nuno foi viver para o Porto.
Consigo levou a ideia de trabalhar numa mercearia ou numa drogaria, porque o pai, lá na terra, também se dedicava ao pequeno comércio. Até que viu um anúncio. No dia 10 de outubro de 1948, um domingo, o JN dava nota, na secção de classificados, de que a Livraria Académica precisava de um rapaz. Esse rapaz acabaria por ser escolhido no dia seguinte, não por falta de outros candidatos, mas porque Joaquim Guedes da Silva, o proprietário do espaço fundado em 1912, viu em Nuno um moço vindo da aldeia e sem vícios, que poderia "burilar" à sua maneira.