Nuno Gomes Oliveira é cabeça de lista pelo PAN às eleições no município gaiense. Critica o "desordenamento" do território e o "estrangulamento" em Santo Ovídio.
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O biólogo Nuno Gomes Oliveira é uma figura conhecida, mas a sua candidatura à Câmara de Gaia, pelo Partido das Pessoas, dos Animais e da Natureza (PAN), não deixa de ser uma surpresa. Entre as críticas que faz ao estado do concelho, o "caos" nos transportes é um dos destaques.
Que motivo o arrastou para a corrida eleitoral?
Candidato-me como independente. A meu ver, o PAN é único partido que defende o Ambiente por convicção e não por moda. O objetivo é fazer alguma coisa por Gaia. No meu caso, aos 65 anos, não será para fazer carreira política.
Tem um processo em tribunal contra a Câmara de Gaia, que tem a ver com a saída do Parque Biológico. Isso influenciou?
Há um processo, mas não tem nada a ver com isto. São vidas diferentes. Sei que uma ação no Tribunal Administrativo são 10/15 anos e estas eleições são para os próximos quatro anos.
Que críticas aponta ao Executivo do PS?
A crítica fundamental é a falta de um plano de desenvolvimento, não de crescimento. São coisas diferentes. E a falta de inovação.
Pode concretizar?
Tem a ver com o desordenamento do território. Há dias tentei ir à Serra de Canelas e vi-me aflito para lá chegar. Devido a obras mal sinalizadas, com desvios, uma pessoa perde-se completamente. Depois, há ideias que não fazem sentido, como o anunciado auditório em General Torres para 2000 pessoas [Centro de Congressos]. Hoje não há congressos para 2000 pessoas. E os que existem são raríssimos. Não é isso que faz falta. Fazem falta, por exemplo, passeios nas ruas. Sei que não é fácil resolver, mas alguém tem que deitar a mão. Assim não pode continuar.
O que é que o PAN propõe fazer de diferente?
Primeiro, não fazer promessas de coisas que depois não se fazem. Como a capela da Afurada [do Siza Vieira]. E não anunciar nada que não esteja assente num estudo que o justifique. Nos transportes e na mobilidade em geral, Gaia é, de facto, um caos. O metro é uma coisa boa, e não estamos contra, mas a linha até Santo Ovídio foi mal planeada. Cria um estrangulamento em Santo Ovídio que condiciona muito o trânsito. Infelizmente, isso não serviu de lição e vai repetir-se no prolongamento até Vila D"Este. Vai criar constrangimentos brutais, atraindo para a área mais automóveis. Voltaram a esquecer-se dos parques de estacionamento, das passagens subterrâneas ou aéreas. Não foi pensado.
Em relação ao tratamento dado aos animais, há reparos a fazer?
Quanto aos animais, particularmente aos abandonados, sem dono, era importante haver um centro de recolha. A PATA, Plataforma de Acolhimento e Tratamento, não está legalizada, nem é legalizável. Se for à Direção Geral de Alimentação e Veterinária, em Gaia não há nenhuma, nem nunca houve. Se aparece um cão ou um gato atropelado a um domingo não há para onde encaminhar, tirando as clínicas privadas, mas isso implica que as pessoas tenham dinheiro. Portanto, não há um serviço oficial e era muito importante que existisse.
O PAN não é um partido adormecido?
Penso que vai manter o crescimento. No caso de Gaia, estou otimista.
PERFIL
É fundador do Parque Biológico de Gaia e durante quase 40 anos foi o seu diretor. Foi presidente da Junta de Freguesia de Avintes durante três anos, entre 2009 e 2012, eleito pelo PSD. É fundador e presidente da Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade (FAPAS). Deu aulas, escreveu livros e artigos de opinião. Hoje é técnico superior da Câmara de Gaia.