O calvário de Beatriz, a quem faltam apoios elementares para uma vida digna
Fazer higiene em casa de banho sem condições é um calvário à medida que menina vai crescendo.
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Beatriz, de 17 anos, nasceu com uma alteração genética a que se dá o nome de síndrome de Williams. Sem capacidade para se locomover, depende da mãe, Ellen Cristina, para quase tudo. Para lhe dar banho, é preciso tirá-la da cama para a cadeira de rodas, transportá-la até à casa de banho e transferi-la para outra cadeira, ao colo, porque as rodas não vencem o degrau de 13 centímetros da base de chuveiro. A família vive num 9.º andar do Bairro de Nossa Senhora da Conceição, em Guimarães. O Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IRHU) tem-se mostrado pouco sensível ao problema e já houve alturas em que a adolescente ficou fechada em casa durante semanas, por os elevadores estarem avariados.
Ellen Cristina soube que a filha era “especial” dois dias depois do nascimento. “Ainda pensei que era trissomia 21, mas depois disseram-me que era síndrome de Williams”, recorda. A vida complicou-se, “até porque o pai não aceitou muito bem a diferença e acabamos por nos separar”. Ainda trabalhou a fazer limpezas, “mas ter uma filha assim é um emprego a tempo inteiro”. Chamavam-na da escola para resolver problemas e nem sempre os patrões eram compreensivos. “A Beatriz é incontinente e às vezes suja-se”, conta.