
Autarca Carla Borges mostrou ao ministro Castro Almeida o Centro Tecnológico e de Empreendedorismo
Foto: Artur Machado
O equipamento que pode empurrar a economia local e regional foi inaugurado esta sexta-feira pelo ministro da Economia e da Coesão Territorial, Castro Almeida, numa cerimónia que reuniu mais de uma centena de pessoas, entre autarcas, empresários, representantes de associações locais e de instituições de ensino superior.
"Este projeto é música para os meus ouvidos, enquanto ministro da Economia e da Coesão. Da Economia porque vai contribuir para o crescimento económico. Da Coesão porque é um investimento no interior, que vai fazer diminuir as assimetrias no território". O elogio do governante Castro Almeida esta sexta-feira, na inauguração do Centro Tecnológico e de Empreendedorismo (CTE) de Tondela, foi o "laço" na prenda que os empresários da região há muito pediam à Câmara.
O CTE representou um investimento de 3,6 milhões de euros e foi apoiado por fundos comunitários do programa Centro 2020. Nasceu num antigo armazém da Federação dos Vinicultores do Dão, que sofreu uma profunda remodelação, assim como uma área envolvente, para acolher esta valência, que promete contribuir para o aumento da competitividade e inovação do concelho e da região.



Fotos: Artur Machado
Composto por vários espaços, o CTE oferece salas de reuniões, de formação, laboratório, espaço multifuncional para eventos, uma cafetaria/bar e cinco alojamentos instalados em antigas cubas de vinho.
"Pretendemos que o CTE seja um espaço dinâmico e inclusivo, com um eixo de formação dedicado às novas gerações, promovendo a capacitação de jovens e de pessoas mais velhas, mas acima de tudo queremos que seja um espaço dedicado às empresas e às suas necessidades", adiantou a presidente da Câmara de Tondela, Carla Borges,
"Queremos acolher e incubar, mas também disponibilizamos um espaço onde as empresas podem formar os seus trabalhadores, os membros da organização, partilhar experiências. Acima de tudo, queremos dar resposta aos quatro "clusters" principais do nosso conceito", referiu a autarca, numa alusão ao sector automóvel, agroalimentar, farmacêutico e ambiental. "Este projeto é uma grande promessa para o futuro", resumiu a edil.
O Centro Tecnológico e de Empreendedorismo será administrado por uma associação de direito privado sem fins lucrativos, onde estão representados vários setores, informou Carla Borges.


Fotos: Artur Machado
Aproveitar o país "sexy"
A cerimónia de hoje ficou também marcada pela intervenção do orador principal Nuno Mendonça, vice-reitor da Universidade de Coimbra para a Inovação, Relação com Empresas e Empregabilidade."Até agora foi fácil, foi 'fazer' paredes, o trabalho, o verdadeiro desafio começa agora", afirmou o técnico, que tem trabalhado nesta área. Nuno Mendonça acredita que o projecto "pode fazer a diferença a nível regional", mas para isso "deve aproveitar o ecossistema de inovação, tecnologia e conhecimento que existe nas universidades, politécnicos e centros tecnológicos, nomeadamente na região Centro".
Nuno Mendonça discorda do que dizem "que o problema entre as universidades e as empresas é o tempo, as universidades demoram e as empresas querem para ontem". "Isto é mentira em 95% dos casos. O problema é na comunicação porque falam de forma diferente. Temos capacidade, mas não sabemos fazer a transferência do conhecimento que temos nas universidades para as empresas", defendeu o vice-reitor de Coimbra.
Uma ideia igualmente partilhada por Nuno Augusto, presidente da Associação Portuguesa de Parques de Ciência e Tecnologia (TecParques), que a seguir participou na mesa-redonda "Ideias: como se desenvolvem e financiam", com Jorge Brandão, da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), e Paulo Rios, administrador executivo da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), num debate conduzido pelo diretor do JN, Rafael Barbosa.
Nuno Augusto deu o exemplo do parque tecnológico de Vila Real, "onde tivemos as mesmas dúvidas que vocês têm agora em Tondela". "Hoje temos 180 empresas, 900 trabalhadores, mão de obras altamente desenvolvidas, com apostas em áreas como a da vinha e do vinho, mas também no "cluster" da floresta, e com empresas de nível mundial a quererem instalar-se no parque tecnológico de Vila Real". O presidente da TecParques garante que Tondela "daqui a 10 anos vai dizer que valeu a pena" porque "este investimento pode alterar o ciclo de desenvolvimento da região".
Paulo Rios, da AICEP, o organismo público que tem a função de captar estrangeiro para o país e ajudar as empresas portuguesas a venderem no exterior, afirmou que "Portugal está na moda, é 'sexy' e temos de surfar esta onda com produtos de qualidade, diferenciadores", que o CET pode ajudar a desenvolver. Deu o exemplo dos vinhos do Dão e revelou que "esta é a zona com mais capacidade de crescimento, com grandes investimentos a virem para cá".
Jorge Brandão, da CCDRC, espera que a CET "possa ser o pivô de oportunidades para as empresas" e adiantou que "das oito NUTS da região Centro, esta é surpreendentemente a mais dinâmica na obtenção de fundos para a gestão produtiva".
E foi para a presidente da CCDRC, Isabel Damasceno, que assistiu à inauguração, que Castro Almeida pediu para que no próximo quadro comunitário, haja financiamento para estruturas como o CTE de Tondela. "Temos de financiar as instituições como a Câmara, que vai ter gasto com esta instalação e nós vamos ter de estimular o investimento que aqui foi feito. Isto é uma despesa corrente que temos de apoiar, pelo menos nos primeiros anos. Isto é manifestamente investimento. É dinheiro muito bem empregue", vincou.
Nova zona industrial
Aproveitando a presença do ministro da Economia e da Coesão Territorial, o presidente da Câmara deu a conhecer os planos do seu executivo para a criação de uma terceira Zona Industrial Municipal (ZIM). Esta nova Área de Acolhimento Empresarial irá nascer junto ao Planalto Beirão, no Borralhal, na freguesia do Barreiro de Besteiros, sendo mais vocacionada para a área ambiental.
"Estamos neste momento a desenvolver o `master plan´ desta terceira ZIM. Deixamos aqui já o nosso compromisso de que terá uma dedicação muito específica ao "cluster" do ambiente e que pretendemos criar uma resposta dedicada às empresas do setor. Entendemos que esta terceira área pode ser uma resposta para a resolução de muitas questões importantes a nível nacional", alegou, defendendo que este novo parque empresarial necessita de uma nova estrada que faz a ligação à ZIM da Adiça e ao IP3, desviando o trânsito das vias.
Carla Borges agradeceu ainda ao Governo por estar a requalificar e duplicar o IP3, uma obra "fundamental" para o concelho e para a região, mas também para o próprio CTE de Tondela.

