"O nevoeiro, a chuva miudinha e a falta de visibilidade", nada normais para o dia 23 de agosto, foram apontados como os culpados de um dos mais graves acidentes rodoviários nas estradas portuguesas. Nesse dia, em 2010, pouco depois das 16 horas, em Talhadas, próximo de Sever do Vouga, a autoestrada A25 (que liga Aveiro a Vilar Formoso) foi palco de dois brutais acidentes, quase em simultâneo, no mesmo local. Horas depois dos embates, era feito o balanço: seis mortos (duas crianças, duas mulheres e dois homens), 72 feridos, dos quais 48 em estado grave e mais de 50 veículos envolvidos.
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Separados por escassas dezenas de metros, os dois acidentes ocorreram em ambos os sentidos da A25, o primeiro no sentido Aveiro/Viseu e o outro do lado contrário. Desde o primeiro alerta, o "Jornal de Notícias" esteve no local a acompanhar as operações da tragédia a que chamou "inferno na estrada".
"O primeiro acidente ocorreu no sentido Aveiro/Viseu, junto ao nó de Talhadas", escreveu o JN na segunda-feira, dia 24, numa das oito páginas dedicadas ao tema. "A cerca de um quilómetro de distância, ao quilómetro 45,6 da A25, no sentido contrário, aconteceu o segundo acidente", podia ler-se. Segundo relatos de testemunhas, quem circulava no sentido Viseu/Aveiro "foi parando para acudir às vítimas a pedido de outros condutores. Contudo, um camião TIR não conseguiu travar, alegadamente devido ao piso molhado, abalroando 19 veículos ligeiros, dois pesados e um motociclo".
O primeiro alerta da gravidade foi dado pelo INEM que, ao deslocar para o local um forte aparato, incluindo helicópteros, deu o primeiro sinal de que se tratava de algo dramático. Das mais de 50 viaturas sinistradas, 12 arderam, incluindo dois camiões. Centenas de veículos fizeram filas nos dois sentidos da autoestrada durante quatro horas, desde que ocorreram as duas colisões em cadeia.
O então ministro da Administração Interna, Rui Pereira, deslocou-se ao local do acidente, considerando o cenário "terrível". As autoridades foram lestas a anunciar que as causas dos acidentes estavam a ser investigadas, mas algumas horas depois do primeiro embate, o major Nelson Couto, na altura comandante do Comando Territorial da GNR de Aveiro, disse ao JN que a chuva e o nevoeiro eram "os primeiros suspeitos".
Os relatos dos condutores que seguiam na A25 descreviam cenas horríveis, envolvendo "salvamentos de crianças por outros condutores" e "pessoas severamente queimadas".