João Alves Dias não é sacerdote há 50 anos, mas ainda é tratado como tal no Cerco e em S. Roque, onde criou um templo que perdura.
Corpo do artigo
Filho de uma família abastada de Campo, Valongo, João Alves Dias entrou para o Seminário do Porto com 12 anos. Em 1963, quando tinha 24, foi ordenado padre, tendo-se tornado uma das figuras cruciais na criação da Obra Diocesana de Promoção Social, no Porto. Aos 36 anos, abandonou a Igreja e casou. "Não saí de costas voltadas para a Igreja, fui muito feliz por lá, mas porque senti que tinha uma vocação matrimonial para cumprir", contou ao JN João Alves Dias, 86 anos. Ainda hoje é tratado carinhosamente por "padre João" por quem com ele conviveu nos bairros do Cerco e de S. Roque da Lameira, nos anos 60 e 70. "Ainda que em agosto já faça 50 anos de casado", observa, sorridente.
Hoje, volta ao Bairro de S. Roque, onde nunca mais voltara após ter-se casado, mais concretamente à Capela de Nossa Senhora da Paz, que ergueu e batizou em 1965. Um templo que começou num barracão da Câmara do Porto. Até porque, como disse ao JN, para si a Igreja "tem a simplicidade e o espírito seguido pelo Vaticano II: pobre, peregrina e próxima das pessoas". É na capela que João Alves Dias, com uma vida também dedicada ao ensino [foi mais de 30 anos diretor do Colégio D. Nuno, no Porto, e professor de Português e História na EB 2,3 de Rio Tinto, em Gondomar], vai apresentar o seu mais recente livro, "Esta viagem que nos plasma", às 15 horas.