Juliana gosta de estudar. Quer ser professora, mas prefere uma escola onde existam mais alunos de etnia cigana. "Tenho vergonha, por isso prefiro esta escola: há mais alunos como eu", afirma. A estudante terminou ontem o 2º ciclo na escola de Pelhe, Famalicão.
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Juliana é uma das alunas de etnia cigana que integram o Programa Integrado de Educação e Formação que apostou no ano passado no terceiro ciclo.
"Este sucesso deve-se a toda a equipa e é sucesso porque conseguimos trazer à escola quem não queria vir", adiantou Luís Faria, coordenador do projecto que está a ser desenvolvido no agrupamento de escolas Dr. Nuno Simões, em Calendário.
O intuito é atrair para a escola jovens que a abandonaram, fundamentalmente, alunos de etnia cigana.
"Temos de ir ao encontro deles e ajustar o ensino às suas características", disse o professor do primeiro ciclo Ricardo Mota, que espera ficar colocado naquela escola para o ano.
Segundo o docente, existem costumes aos quais é necessária alguma adaptação, de modo a que os alunos gostem de frequentar a escola. "Eles têm estilos de vida diferentes e por isso têm dificuldades em frequentar o ensino regular", explica.
De resto, a assiduidade e as regras são aspectos aos quais não estão habituados. Até porque, usualmente, os mais novos ajudam os pais nas feiras e faltam às lições. Ontem mesmo, na cerimónia de entrega de diplomas, alguns alunos faltaram porque havia feira em Barcelos.
"Gosto de andar na escola, vim para cá porque gosto de estudar", disse Fabiana. Visivelmente tímida e envergonhada, diz que vai continuar a estudar, mas do futuro ainda não sabe.
"É preciso ir ao encontro de outros núcleos e não nos limitar-mos ao ensino convencional", frisou o vereador da Educação, Leonel Rocha.