Atraso na construção já custou mais de 400 mil euros em multas a pagar à Câmara do Porto. Preços dos apartamentos, a partir de hoje à venda, vão desde os 155 mil até aos 840 mil euros.
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Da rua, para lá dos taipais, já se vê a obra a crescer, mas ainda não será este ano que portuenses e visitantes verão finalizado o empreendimento Bonjardim, que ocupará o quarteirão de D. João I, no Porto. Vicissitudes várias atiram a conclusão dos cinco blocos de edifícios para abril de 2023. A comercialização dos 93 apartamentos começa hoje, com preços que vão desde os 155 mil euros, por um estúdio, até aos 840 mil euros, por um T4.
Em 2021 estava previsto que a empreitada terminasse entre junho e setembro deste ano, mas diversos fatores, como "a escassez de mão de obra ou a falta de materiais", fizeram derrapar os prazos. Pelo atraso, segundo diz Aniceto Viegas, da promotora Avenue, "já foram pagos mais de 400 mil euros em multas" à Câmara do Porto.
O diretor-geral entende que os responsáveis pela Autarquia "façam a sua parte", mas discorda do valor das "penalizações", pois em certas ocasiões a demora "não aconteceu por culpa da Avenue, mas de outras entidades, como foi o caso do parecer da Direção Regional de Cultura do Norte, por exemplo". Mesmo assim, a promotora não reclamará e promete cumprir.
Hotel de quatro estrelas
Também o montante do investimento subiu. Se, no ano passado, o orçamento era de 57 milhões de euros, agora há a anexar "custos adicionais, relacionados com materiais e soluções técnicas", que vão atirar a conta final para os 60 milhões de euros. De registar que esta quantia não inclui o hotel, The Student Hotel, de quatro estrelas e com 280 quartos, cuja fatura, em 2021, estava avaliada em 30 milhões de euros.
Nesta fase, tanto os prédios de apartamentos como o da unidade hoteleira já estão acima da cota zero, ou seja, do solo. Por baixo, a suportar as estruturas, estão 20 mil metros quadrados, que alojarão os pisos subterrâneos, nomeadamente as garagens. "Foi um trabalho longo e exigente, com entrada e saída de camiões, numa zona em que circulam muitos peões", regista Aniceto Viegas.
Em altura, a contar do solo, os prédios terão entre quatro e cinco pisos, mais o rés do chão. A praça ajardinada, no interior do empreendimento e com acesso ao público, é para manter, contando com 2500 metros quadrados e diferentes pontos de entrada, a partir das ruas de Sá da Bandeira, do Bonjardim e Formosa.
procura É grande
"Tenho boas memórias da Rua de Sá da Bandeira, quando era criança. As pessoas falavam do seu esplendor. O "Bonjardim" mais o reabilitado Mercado do Bolhão vão contribuir para devolver esse esplendor. O projeto também vai ajudar a resolver um problema que existia no centro do Porto [enorme cratera] e a dinamizar a cidade", salienta.
O custo dos apartamentos é explicado pela efervescência do mercado imobiliário e pela localização, entre outros motivos. Existem preços para todas as tipologias. A par dos estúdios e dos T4, a tabela é escalonada pelos T1, a partir de 255 mil euros; T2, a 470 mil euros; e T3, a 650 mil euros.
Apesar dos valores serem altos, a Avenue está "otimista" quanto às vendas. Aniceto Viegas justifica esta convicção pelas "manifestações de interesse" e pela "confiança das mediadoras". Ainda antes do lançamento da comercialização, "entre 10 e 12 apartamentos já estão vendidos". Para o diretor, "a procura é grande no imobiliário por se tratar de um investimento seguro e que pode ser rentabilizado, ao contrário de um depósito bancário, que rende pouco".
Elogio
"Lisboa devia seguir exemplo do Porto"
Apesar das multas, a Avenue elogia a metodologia da Autarquia portuense. "Já disse na Câmara de Lisboa, e por mais do que uma vez, que deviam aprender e seguir o bom exemplo da Câmara do Porto", destaca Aniceto Viegas, baseado na experiência dos investimentos feitos na Invicta. "Atuam de forma célere, funcional, comunicativa e transparente", descreve, apontando situações concretas, como "a digitalização dos processos, o balcão virtual, para se saber em que fase está o processo, e até o serviço telefónico, sempre disponível".
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Travessa alargada
A obra vai requalificar o quarteirão. Uma das alterações visíveis terá a ver com a travessa do Bonjardim, que liga a rua com o mesmo nome e a Formosa, e que ressurgirá muito mais airosa.
Parceria de agências
O dia de hoje marca o arranque da comercialização e da parceria com as empresas do ramo imobiliário que vão tratar das vendas. As escolhas da Avenue recaíram na Predibisa, Luximos e JLL.
Casa Forte
Falar do quarteirão de D. João I traz à lembrança os tempos da Casa Forte, um estabelecimento prestigiado, com artigos variados e de qualidade, que atraía muitos clientes. Entrou para a história e era uma marca da cidade.
Detalhes
16 - lojas formam a galeria comercial. Há "contactos para duas unidades-âncora". Em abril, a venda deverá acelerar.
250 - lugares destinam-se ao parque público de estacionamento subterrâneo. Há "negociações para a sua concessão".