Troço entre os nós de Penacova e Lagoa Azul, em Mortágua, foi consignado há dois anos e deveria terminar em janeiro de 2020.
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A obra do IP3 no troço entre os nós de Penacova e Lagoa Azul, Mortágua, numa extensão de 16 quilómetros, tem a sua conclusão atrasada em mais de um ano. As intempéries do final de 2019 e a situação pandémica que perdura desde março de 2020 são as razões apontadas pela Infraestruturas de Portugal (IP) para os atrasos.
"Efetivamente, existiram diversas situações que provocaram atrasos no desenvolvimento da empreitada, nomeadamente as fortes intempéries do final do ano de 2019, que provocaram o deslizamento de um talude de escavação de grandes dimensões. Essa situação levou à necessidade de execução de intervenções mais profundas e tecnicamente mais exigentes face às soluções inicialmente preconizadas, sendo este local uma das frentes ativas neste momento", descreve fonte da IP ao JN.
A mesma fonte adianta ainda que "o período da situação pandémica, decretado em março de 2020 e que durante o qual por diversas vezes e de forma prolongada vigorou o estado de emergência, introduziu um conjunto severo de limitações contribuindo também para a redução do ritmo dos trabalhos". A entidade responsável pela obra completa que "as condições climatéricas que se fizeram sentir, nomeadamente durante o outono passado, condicionaram a execução dos trabalhos, designadamente ao nível das terraplenagens, pavimentação e marcação rodoviária, não tendo sido possível terminar a empreitada na data prevista", adiantando o primeiro trimestre de 2021 como o prazo de conclusão.
Autarca não compreende
A empreitada foi consignada a 18 de janeiro de 2019, em Mortágua, tendo como prazo de execução 330 dias. Passou mais do dobro desse prazo e os trabalhos ainda decorrem. "Isto já se está a tornar um drama. Nada justifica o que está a acontecer", acusa o presidente da Câmara Municipal de Mortágua, José Júlio Norte.
O autarca não culpa o Governo, que considera estar de boa vontade neste processo, mas aponta falhas na fiscalização da obra. "Tudo tem um limite e este atraso não tem justificação", considera.
Para José Júlio Norte, os empresários do concelho estão a ser muito prejudicados pelo estado da estrada, com vias estreitas e o piso degradado. "Há outras questões, como as pessoas que trabalham em Mortágua e vivem em Coimbra ou Viseu, e a questão de saúde, porque uma ambulância que transporte um doente de Mortágua para Coimbra, que é o nosso hospital central, tem de passar por aquela estrada", salienta.
O JN tentou ouvir o presidente da Câmara de Penacova, Humberto Oliveira, sem sucesso.
SAIBA MAIS
Remodelação total
A obra que ainda decorre implica a remodelação total do pavimento, intervenção em taludes, implementação de estruturas de suporte em betão, redes de contenção, colocação de vedações, intervenção nos sistemas de drenagem e a substituição de toda a sinalização.
Sinistralidade
Desde 2009, já 25 pessoas perderam a vida no IP3, segundo a Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária. A requalificação da via, entre Coimbra e Viseu, é um desejo dos autarcas locais há três décadas.