<p>José Manuel Matas nem quer imaginar como ficará o IP4 com um nevão idêntico aos que caíram no último Inverno, agora que a via está em obras de transformação em auto-estrada, trabalhos que só deverão terminar em 2011. </p>
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Houve um que o fez passar uma noite dentro do carro, preso na neve. Este vendedor de Gaia sobe e desce o Marão todas as semanas. Ontem, voltou a fazê-lo. Agora, considera que a via "está mais perigosa do que nunca". "As faixas encolheram por causa das barreiras de cimento", explica. Esta constatação encontra eco em todos os automobilistas que por ali passam. Sente-se o aumento da tensão nos condutores, sempre que se fazem ao IP4.
O acidente de anteontem que matou uma mulher e feriu um homem (que ontem teve alta do Centro Hospitalar Padre Américo, Vale do Sousa, em Penafiel), ambos residentes em S. Mamede de Infesta, Matosinhos, tal como o JN o noticiou, vem relançar a questão da segurança.
Embora o acidente tenha ocorrido ainda na A4, o certo é que o embate foi potenciado pelas obras. O JN apurou que o trânsito "estava parado, no momento do acidente, porque uma pedra de grandes dimensões havia caído à via". Em face dessa situação o trânsito no sentido Amarante-Vila Real foi cortado para que o pedregulho fosse removido. E é nesse momento que o camião, supostamente sem travões, arrasta à sua frente a carrinha Peugeot onde seguia o casal contra o outro camião que estava parado na via. "Imagine que este acidente acontecia, cerca de 300 metros mais à frente. Como é que seria prestado ao auxílio às vítimas?", interroga, Jorge Rocha, comandante dos Bombeiros Voluntários de Amarante.
Alcídio Pereira, camionista de Vila Real, já a tarde ía alta, encostou na estação de serviço da Aboadela, em Amarante, para relatar ao patrão que "o pára-brisas do camião tinha partido por causa de uma pedra que saltou da via". Não foi das obras, mas podia ser. "De facto isto está muito apertado, mas por outro lado, como se circula mais devagar, as hipóteses de acidentes reduzem-se", afirmou ainda antes de ter tomado conhecimento pelo JN do acidente de anteontem.
A pedido dos bombeiros de Amarante, realiza-se amanhã uma reunião com todas as partes envolvidas nas questões de segurança: forças policias, Autoridade de Protecção Civil, empresas que operam na obra, bombeiros, etc.
Jorge Rocha garante que fez o pedido para que esta reunião se realizasse, "antes do acidente". "Já considerava e considero uma irresponsabilidade a realização de obras em simultâneo, nas duas faixas de rodagem", acrescenta. A largura das faixas de rodagem deve estar no limite do legal", sustenta, Rui Ribeiro, bombeiro adjunto do Comando dos Voluntários de Amarante.
Actualmente, no IP4 as obras relacionadas com o alargamento da via, provocam estrangulamento da via em dois locais: entre os nós de Amarante/Este e o de Gondar; e zona da Aboadela, já próximo da Pousada do Marão. Como se os problemas de circulação no IP4 ainda não chegassem, ontem, a Estradas de Portugal começou a repavimentar o troço "Pousada do Marão/nó da Campeã", no distrito de Vila Real.
A falta de aderência do asfalto por causa da neve assim obriga. Os automobilistas concordam, mas lamentam o acumular de obras em cerca de 25 quilómetrosde estrada. "Não havia necessidade", ouve-se. Assim, nesse troço, o sentido ascendente para a capital transmontana está cortado. A circulação faz-se pela EN15.