Arquiteto Siza Vieira, que o tinha requalificado, considerou-as uma "barbaridade". Câmara de Viseu estuda motivos de atração para a praça central.
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As polémicas obras de requalificação do Mercado 2 de Maio, em Viseu, que incluem a construção de uma cobertura, deverão estar concluídas no próximo verão, meio ano após o prazo previsto.
Na praça já foi erguida a pala com painéis fotovoltaicos, que servirão de telhado e que alimentarão de energia o próprio espaço e edifícios públicos vizinhos.
A instalação da cobertura foi decidida pelo anterior executivo camarário, liderado por Almeida Henriques, com o objetivo de o mercado poder receber eventos ao longo de todo o ano. A empreitada prevê também a reabilitação das lojas existentes e a construção de um elevador e de um lago. As obras, iniciadas em janeiro do ano passado, estão orçadas em 4,3 milhões de euros.
O mercado vai sofrer uma profunda remodelação face ao projeto de requalificação nos anos 90 assinado por Siza Vieira. O arquiteto nunca aceitou as novas obras, que classificou como uma "barbaridade".
No início da empreitada, um grupo de 41 cidadãos, entre eles Eduardo Souto de Moura, João Luís Carrilho da Graça, José Mateus, Nuno Sampaio, André Tavares e Francisco Keil Amaral, exigiu, em forma de carta aberta, à Câmara de Viseu a suspensão imediata dos trabalhos descritos como um "atentado patrimonial".
A empreitada nunca parou, nem mesmo quando Fernando Ruas regressou ao município, após vencer as últimas eleições autárquicas. "Eu não tinha tomado aquela iniciativa, mas até eu próprio estou expectante porque acho que aquilo pode ser uma coisa que ninguém está à espera", afirma o presidente da Câmara.
O autarca faz votos para que, após a polémica, "o novo" mercado se revele um sucesso e defende que isso dependerá dos motivos de atração da praça.
A Câmara está a estudar soluções para dinamizar o espaço. Há quem defenda a instalação de lojas âncora, com marcas conhecidas. Fernando Ruas até concorda que isso "dava um resultadão", mas avisa "que será difícil de concretizar". Mais fácil será a criação de espaços de restauração.