O município de Oeiras quer por os alunos do concelho a pedalar ou a andar a pé para as escolas, fomentando uma mobilidade mais ativa e sustentável e reduzindo o uso do carro e as emissões de CO2. Atualmente a esmagadora maioria chega de veículos motorizados.
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O objetivo é mudar os hábitos de cerca de 6 a 8% dos estudantes ao longo do próximo ano letivo.
Os Bike Bus e Pedi Bus, iniciativas que levam as crianças numa espécie de ‘comboios’ organizados de bicicleta e a pé para as escolas, vão arrancar em força no próximo ano letivo em Oeiras. Mas no final deste ano letivo já têm vindo a ser realizadas algumas experiências-piloto, ao abrigo do Oeiras Move Escolas, em cinco estabelecimentos de ensino do município, com resultados promissores.
Geralmente os ‘comboios’ começam “com poucas crianças e vão crescendo, conforme se vai ganhando a confiança dos pais e das crianças”, explica Rui Rei, presidente da Parques Tejo, a empresa responsável pelas políticas de mobilidade de Oeiras, revelando que, num dos mais recentes ‘comboios’ já ‘embarcaram’ 20 crianças.
Regressão do automóvel
O diagnóstico da mobilidade escolar em Oeiras está feito. A “esmagadora maioria” dos 22 mil alunos que estudam no concelho chegam aos estabelecimentos de ensino “com os pais, de carro”, diz Rui Rei. Segue-se a escolha do transporte publico e outros meios alternativos. De bicicleta, a quantidade é “residual”.
O presidente da Parques Tejo adianta que se pretende alterar este paradigma e fazer com que haja uma “regressão do automóvel a partir do próximo ano”. “Hoje o movimento é praticamente zero e queremos, a partir do próximo ano, que haja cerca de 6, 7, 8%” dos alunos a deslocarem-se de bicicleta ou a pé para as escolas.
Rui Rei diz ter consciência que estas mudanças “demoram tempo”, mas está confiante que haverá um “crescimento gradual, dependendo das intervenções e das condições criadas nos trajetos”. Até porque, nas iniciativas já desenvolvidas este ano letivo, sentiu que “os pais e as crianças querem mesmo realizar o percurso entre a casa e a escola de bicicleta e tem sido uma alegria”.
Corrigir obstáculos
Segundo o responsável, depois de os pais se inscreverem, os trajetos são avaliados para se identificarem os obstáculos e dificuldades e é proposto um percurso.
“Destes percursos que estamos a fazer tiramos alguns ensinamentos: que são necessários em alguns locais prolongar ciclovias, noutros corrigir passeios e passadeiras, fazer melhorias para acalmia de tráfego. Faz parte do processo corrigir obstáculos e ganhar a confiança das pessoas e melhorar o espaço público”, adianta Rui Rei. Neste momento, por exemplo, existem cerca de 18 quilómetros de ciclovias, havendo planos para, “nos próximos anos, chegar aos 90 quilómetros”. A ideia, sublinha, é ter “jovens mais autónomos, resilientes e confiantes no espaço publico”.